Antes de joias, presente mais caro dado a Bolsonaro valia R$ 60 mil
Diamantes retidos pela Receita são avaliados em 16,5 milhões de reais, valor mais de 100 vezes superior a tudo o que o ex-presidente ganhou de 2019 a 2021
Um levantamento dos itens dados por autoridades estrangeiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), listados no portal do Palácio do Planalto, revela que as joias com diamantes que teriam sido um presente do governo da Arábia Saudita têm um valor muito superior ao do restante do acervo. Elas foram avaliadas em 16,5 milhões de reais e acabaram sendo retidas pela Receita quando um ex-assessor do governo Bolsonaro tentou trazê-las ao Brasil de modo irregular, sem declará-las. Antes dessas joias, o item de maior valor recebido por Bolsonaro havia sido uma maquete do Taj Mahal, estimada em 59.469 reais, ofertada pelo então presidente da Índia, Ram Nath Kovind, durante viagem do brasileiro a Nova Delhi, em 25 de janeiro de 2020. A maquete do ícone indiano tem 30 centímetros e é feita em mármore branco.
O segundo presente mais caro da lista foi a miniatura de um capacete antigo de samurai, feita de metal e avaliada em 20.000 reais. Em seguida, o terceiro mais caro foi um pote de metal prateado com o desenho de uma fênix, calculado em 13.327 reais. Ambos foram ofertados a Bolsonaro pelo ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, em janeiro e em outubro de 2019.
A lista de presentes recebidos por Bolsonaro e incorporados ao patrimônio público, registrada no portal do Planalto, pode estar incompleta, uma vez que o último item é de fevereiro de 2021. No entanto, ela indica que, até aquela data, não houve presentes milionários. O valor total, somados todos os 42 itens, é de 161.256 reais — o que equivale a menos de 1% do valor das joias que a Arábia Saudita teria dado ao ex-presidente e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A retenção das joias pela Receita foi revelada na sexta-feira, 3, pelo jornal O Estado de S. Paulo. Bolsonaro e Michelle negam quaisquer irregularidades.