Em 2021, completam-se cinco anos da realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, mas os custos do empreendimento se fazem sentir até hoje. O legado olímpico já consumiu ao menos 80,1 milhões de reais da União e da prefeitura entre 2017 e 2020, segundo planilhas obtidas por VEJA por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). As cifras são ainda maiores porque o governo municipal enviou apenas as despesas com o fornecimento de água e energia elétrica relativas ao ano passado.
Parte do legado olímpico ficou sob responsabilidade do governo federal e outra parte com o município. A União cuida da manutenção da Arena Carioca 1, Arena Carioca 2, Centro Olímpico de Tênis e Velódromo Olímpico — este último é uma das instalações que mais demandam recursos, por conta do piso de madeira de pinus siberiano, que tem que ser mantido em temperaturas entre 18°C e 26°C e pode estragar sem o ar-condicionado.
O governo federal gastou um total de 65,8 milhões de reais com as empresas de manutenção e o pagamento de água e luz de 2017 a 2020. Somente no ano passado, foram desembolsados cerca de 16,4 milhões de reais. No dia 20 de dezembro de 2020, começou a vigorar um novo contrato com prazo de dois anos para manutenção do legado olímpico sob responsabilidade do governo federal. A empresa Obra Prima Construção e Manutenção vai receber mensalmente 320.950 reais. O valor total do contrato é de 3,8 milhões de reais.
A prefeitura do Rio é responsável pela Arena Carioca 3, o Parque Radical de Deodoro, o Parque Madureira e a área de domínio comum do Parque Olímpico. Por meio da Lei de Acesso à Informação, informou que gastou quase 4 milhões de reais com água e luz no ano passado com as instalações olímpicas sob sua responsabilidade e aproximadamente 10,3 milhões de reais com a manutenção entre 2018 e 2020.
O Ministério Público Federal (MPF) do Rio tem um grupo de trabalho para acompanhar a manutenção da estrutura da Rio-2016. No dia 20 de outubro, por exemplo, anexou em um ofício fotos que demonstram o estado de má conservação de uma das arenas e pede informações ao Escritório de Governança do Legado Olímpico.
Um dos exemplos de uso da estrutura dos Jogos que não saiu do papel é a Arena do Futuro, que recebeu as competições de handebol nas Olimpíadas de 2016. A instalação seria desmontada para virar quatro escolas, mas até hoje continua de pé. O replantio das mudas de árvore de 207 espécies nativas da Mata Atlântica, para dar origem à Floresta dos Atletas no Parque Radical de Deodoro, só foi concluído em dezembro de 2019, quando a promessa era de que isso ocorreria um ano depois da competição.