Pela primeira vez, uma equipe de cientistas brasileiros venceu uma competição internacional do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que avalia projetos inovadores em biologia sintética. O prêmio foi concedido a estudantes da Ilum Escola de Ciência, coordenados por pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que idealizaram um sistema para detectar e filtrar microplásticos na água.
O projeto ambiental foi batizado de BARBIE, trocadilho em inglês para um sistema que identifica partículas de microplástico na água por meio de um sensor especializado e utiliza moléculas biológicas e eletromagnetismo para capturar e remover esses resíduos. O mecanismo de filtragem poderia ser implantado em estações de tratamento de água, por exemplo.
Na última sexta-feira, 8, na Cidade do México, o prêmio foi entregue à equipe de brasileiros responsáveis pelo projeto. “É um grande e marcante incentivo na formação desses alunos, e também é muito recompensador para nós, pesquisadores que estivemos orientando ao longo de um ano de muitos esforços e trocas intensas”, afirma a pesquisadora Gabriela Persinoti, mentora do projeto.
Além de pesquisadores do CNPEM e estudantes da Ilum, o grupo de cientistas teve participação de estagiários da Unicamp, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA.
O que são microplásticos?
Os microplásticos são partículas de plástico com diâmetro entre 1 micrômetro (o equivalente a 1 milésimo de milímetro) e 5 milímetros que poluem os oceanos e oferecem risco à vida marinha e à saúde humana.
As fontes primárias de microplásticos são resíduos de produtos cosméticos que contêm microesferas — como sabonetes, pastas de dente e cremes esfoliantes — e pedaços de microfibras têxteis. Outras partículas são originadas da decomposição de polímeros maiores, incluindo restos de pneus, tinta e revestimentos de navios.
Segundo a Sociedade Americana de Química, microplásticos já foram detectados nos oceanos, no solo, no ar, em alimentos e bebidas. Além de ameaçar a fauna marinha, as partículas podem carregar componentes tóxicos e causar doenças inflamatórias e vários tipos de câncer em seres humanos.