No dia seguinte à operação da Polícia Federal (PF) que vasculhou endereços ligados ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos -RJ), o segundo filho do ex-presidente usou as redes sociais para reclamar da desorganização deixada pelos agentes após as diligências. Ele estava com o pai e os irmãos na casa da família em Angra dos Reis (RJ) no dia da ação — eles faziam um passeio de lancha quando os agentes chegaram.
“Cheguei há pouco em casa com muitas coisas reviradas e largadas abertas. Aos poucos reorganizando tudo”, escreveu o vereador no X (antigo Twitter). Nas imagens, ele mostra gavetas abertas e pertences espalhados pelos armários. Além da sua residência e da casa em Angra, a PF vasculhou mais quatro endereços no Rio de Janeiro. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Brasília, Formosa (GO) e Salvador (BA).
Cheguei há pouco em casa com muitas coisas reviradas e largadas abertas. Aos poucos reorganizando tudo. pic.twitter.com/vhyqPwQS2l
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) January 30, 2024
A PF apreendeu três computadores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na residência de Giancarlo Gomes Rodrigues, um dos alvos da operação. Ele fez parte da agência durante a gestão do hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), alvo da primeira parte da operação na última quinta-feira, 25. Uma assessora de Carlos Bolsonaro, Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, também foi alvo.
Abin paralela
Desde 2019 o clã Bolsonaro é investigado pela existência de uma “Abin paralela”. A PF encontrou indícios de que a agência repassava informações sigilosas e tentou interferir em inquéritos que envolviam o então presidente Jair Bolsonaro e os filhos. Ramagem seria a ponte.
A operação de segunda-feira 29 foi um desdobramento da realizada na quinta-feira passada, cujo principal alvo era Ramagem. Ao analisar o material apreendido na semana passada, agentes da PF encontraram trocas de mensagens entre Ramagem e o filho Zero Dois do ex-presidente com pedidos explícitos de acesso a investigações sigilosas. As conversas foram intermediadas por Luciana, assessora que também foi alvo da investigação.
Além disso, a gestão de Ramagem na Abin é investigada por espionar ilegalmente adversários políticos do ex-presidente Bolsonaro através do aplicativo FirstMile. Sem regulamentação e sem ordem judicial, a agência monitorava os passos de advogados, políticos e membros do Poder Judiciário através do sinal de celular, para posteriormente repassar as informações ao clã Bolsonaro.