Deputado do PSOL pede CPI para investigar queimadas no interior de SP
Guilherme Cortez quer investigação parlamentar sobre os incêndios que causaram duas mortes; Governador diz que não há indícios de ações coordenadas
O deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) pediu a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa de São Paulo para investigar as queimadas no interior do Estado. O requerimento propõe um grupo de nove deputados que apure os fatos por 120 dias. A instalação da CPI só pode ser instalada por meio de ato do presidente da Alesp, André do Prado (PL), mediante a assinatura de, ao menos, 32 deputados — um terço dos parlamentares da Casa.
Na justificativa do pedido de CPI, o parlamentar adverte sobre a morte de duas pessoas no que chamou de “caos instaurado” pelas queimadas. Os incêndios deixaram 48 municípios paulistas em alerta. “Além disso, os incêndios florestais continuam avançando de forma descontrolada, resultando em destruição generalizada, comprometendo a saúde da população e desabrigando famílias de diversas cidades da região de Franca e Ribeirão Preto”, escreveu Cortez.
Os fogos foram mais intensos entre sexta-feira e domingo, mas as ocorrências voltaram a ser identificadas nesta terça-feira, 27. Por volta das 15h, o Corpo de Bombeiros foi acionado para combater um incêndio em uma fazenda na zona rural de Batatais, região metropolitana de Ribeirão Preto. Outro foco foi identificado a cerca de quatro quilômetros dali, na Floresta Estadual de Batatais. No domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), afirmaram que havia suspeitas de que os incêndios foram criminosos.
Cinco pessoas foram detidas, sendo que um homem de 76 anos foi liberado. Ele foi denunciado por uma vizinha por atear fogo em lixo residencial no fundo de sua chácara. O fogo dispersou, mas foi controlado pelos bombeiros. Os policiais não encontraram indícios de crime e soltaram o idoso, morador de São José do Rio Preto, mesmo município onde um homem, de 44 anos, foi preso pela queimada. Outros três homens foram presos: um de 26 anos, em Guaraci, e outros dois em Batatais, um de 27 anos e outro de 42 anos, que disse ser integrante do PCC ao ser abordado pela polícia.
Tarcísio não vê ação coordenada
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse na segunda-feira que não tinha identificado indícios de ações coordenadas. Mais de 3.000 focos de incêndio já atingiram o interior de São Paulo neste ano, mas o governador alegou que a condição climática pelo ano de “estiagem muito severa” como principal culpado pelos fogos. Ele afirmou, porém, que investigações estão em curso.
“Até aqui, não conseguimos constatar nenhum tipo de relação entre essas pessoas, nenhum tipo de movimento coordenado”, disse Tarcísio. “Por um lado, existia uma condição climática adversa. Por outro, dois ou três indivíduos fazendo fogo e cometendo crime. De outro, pessoas descartando material de forma irregular, fazendo fogo da mesma forma. O fato é que tivemos essa situação complexa e que tomou essa proporção gigantesca”, seguiu.