Na reta final de campanha para o primeiro turno das eleições, o instituto Datafolha deve investigar um novo recorte do eleitorado nas próximas pesquisas de opinião — a influência do bloqueio do X (ex-Twitter) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre as intenções de voto dos brasileiros.
Segundo o banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o mais recente levantamento registrado pelo Datafolha em São Paulo, previsto para divulgação na próxima quinta-feira, 12, inclui três perguntas sobre a crise que envolve a Justiça brasileira e a rede social controlada por Elon Musk. São elas:
- Você tem ou tinha conta na rede social X, antigo Twitter?
- Você concorda ou discorda da decisão do Supremo Tribunal Federal de proibir o X de funcionar no Brasil?
- Você é a favor ou contra que pessoas que continuem utilizando o X após ele ser proibido pela Justiça sejam multadas?
O questionário cadastrado na Justiça Eleitoral inclui um contexto sobre o descumprimento de ordens judiciais que levou ao bloqueio do X, as alegações de Musk sobre violações da liberdade de expressão e a multa diária de 50 mil reais, também determinada por Moraes, para brasileiros que utilizem VPNs (“redes virtuais privadas”, na sigla em inglês) para burlar a proibição e acessar a rede.
A pesquisa vai permitir descobrir como pensa o eleitor de cada candidato a prefeito na disputa paulistana sobre o tema.
Impeachment de Moraes é pauta do 7 de Setembro
As entrevistas começam a ser coletadas na próxima terça-feira, 10, e devem refletir a influência das manifestações de 7 de setembro sobre o eleitorado paulistano. No último sábado, o ato realizado na Avenida Paulista teve a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro e foi marcado por críticas e pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes.
Na semana passada, o próprio Musk utilizou seu perfil no X para incitar os protestos e associar diretamente a pauta do impeachment às manifestações de apoio a Bolsonaro e candidatos alinhados à direita bolsonarista. Desde a ordem de bloqueio da plataforma expedida por Moraes em 30 de agosto, o bilionário vem intensificando os ataques ao ministro pela rede, com dezenas de publicações diárias chamando o ministro de “fascista”, “ditador” e “desgraça para a Justiça”.
As investidas do magnata contra Alexandre de Moraes reverberaram com força entre políticos de direita e apoiadores que, contrariando a determinação do STF, vêm usando mecanismos para furar o bloqueio e permanecer em atividade no X. A lista inclui os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP) e o senador Sergio Moro (União-PR).
O próprio Jair Bolsonaro, que vinha evitando colar sua imagem aos pedidos de impeachment por medo de novas represálias contra a sua já complicada situação na Justiça, abraçou de vez a pauta e chamou Moraes de “ditador” durante discurso no trio elétrico em São Paulo. Fizeram coro ao ex-presidente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — seu filho “Zero Três” — e o pastor evangélico Silas Malafaia, principal organizador do ato na Avenida Paulista no último sábado.