Em meio ao tarifaço, China sobe e EUA caem no conceito dos brasileiros
Pesquisa Genial/Quaest também revela piora na percepção sobre Israel no contexto da guerra em Gaza

Os Estados Unidos estão perdendo prestígio junto à população brasileira, enquanto a imagem da China melhorou nos últimos meses na opinião popular. É o que indica uma pesquisa publicada pela Genial/Quaest nesta terça-feira, 26, que mapeou a percepção do eleitorado em relação às principais potências globais e a outros países de destaque no noticiário internacional.
Segundo o levantamento, a visão dos brasileiros em relação aos Estados Unidos piorou consideravelmente em meio ao tarifaço de 50% imposto pela Casa Branca ao Brasil e às sanções aplicadas contra autoridades nacionais. Em.comparação com a pesquisa anterior, de fevereiro de 2024,, a opinião desfavorável sobre os EUA disparou de 24% para 48% da população, superando a percepção favorável ao país pela primeira vez em dois anos — no mesmo período, esta parcela que vê com bons olhos a nação governada por Donald Trump despencou de 58% para 44% do eleitorado.
Em movimento contrário, a percepção pública sobre a China melhorou nitidamente. O país governado por Xi Jinping, hoje o maior parceiro comercial do Brasil, é bem-visto por 49% dos brasileiros e mal-avaliado por 37% do eleitorado — no levantamento anterior, essas parcelas correspondiam a, respectivamente, 38% e 41% da população.

A mudança mais drástica de opinião é observada entre brasileiros que declararam voto em Lula nas eleições de 2022 — neste segmento, a posição crítica aos EUA saltou de 32% para 69% dos entrevistados desde fevereiro do ano passado, enquanto a percepção positiva da China escalou de 40% para 62% nos mesmos dezoito meses. Já para o eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro, ideologicamente alinhado a Donald Trump, a visão pouco mudou no mesmo período: o apoio aos EUA ficou estável (foi de 71% para 72%), ao passo que as críticas ao país de Xi Jinping subiram de 50% para 58% neste grupo.


Bolsonaristas veem melhora na Argentina com Milei, mas Israel já vira alvo de críticas
Desde a vitória presidencial de Javier Milei, aliado de Jair Bolsonaro, em 2023, a percepção dos bolsonaristas sobre a Argentina melhorou drasticamente. Segundo a pesquisa, entre eleitores do ex-presidente, a opinião favorável em relação ao país vizinho disparou de 31% em outubro de 2023 para 52% em fevereiro de 2024, apesar do leve recuo para 48% no levantamento de agosto — na contramão, a visão desfavorável da nação entre eleitores de Lula aumentou com a eleição do governo de direita e, desde então, ficou estável em 43%.

Já a imagem de Israel piorou entre brasileiros, de forma geral, com os desdobramentos da guerra travada contra o Hamas na Faixa de Gaza. Desde o início do conflito, em outubro de 2023, a visão favorável sobre o país de Benjamin Netanyahu caiu de 52% para 35% no Brasil, enquanto as opiniões críticas subiram de 27% para 50%. A mudança de postura neste período é percebida, inclusive, entre bolsonaristas, grupo mais alinhado às ações israelenses na Palestina — a parcela de eleitores de Jair Bolsonaro que veem Israel com bons olhos recuou de 67% para 54%, enquanto a avaliação negativa subiu de 17% para 37% deste segmento.

A pesquisa Genial/Quaest entrevistou 12.150 eleitores nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco entre os dias 13 e 17 de agosto de 2025. O nível de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro é estimada em 2 pontos percentuais (pp), para mais ou para menos.