O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, prorrogou por mais 90 dias um inquérito que investiga a atuação de milícias digitais na divulgação de mensagens e na promoção de atos contra as instituições democráticas. A apuração havia sido aberta em julho de 2021, foi estendida em outubro e terminaria no último dia 6 de janeiro.
A prorrogação do inquérito mantém na mira do STF uma boa parte do bolsonarismo radical — incluindo o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que está preso, e o blogueiro Allan dos Santos, que está foragido nos EUA — e indica que o tema da disseminação de notícias falsas, que preocupa o presidente Jair Bolsonaro e o governo, seguirá na pauta do tribunal neste ano eleitoral.
E não é só isso que preocupa o bolsonarismo. Além dessa investigação, há ainda o inquérito das fake news, que abarca os ataques feitos aos integrantes da Corte pela internet e também está sob a relatoria de Moraes, e uma apuração preliminar aberta em dezembro pela Procuradoria-Geral da República, com base no relatório da CPI da Pandemia, que trata das mentiras espalhadas sobre a Covid-19 por apoiadores de Bolsonaro — o relator desse caso é o ministro Luís Roberto Barroso. Nessa apuração derivada da CPI, além do próprio presidente, são suspeitos seus filhos Flávio, Carlos e Eduardo e uma série de parlamentares bolsonaristas, acusados pelos senadores de divulgar informações falsas para estimular a população a não se prevenir contra o coronavírus.
Como se não bastasse, o Senado divulgou que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News será reinstalada em fevereiro. Aberta em fevereiro de 2019, a comissão mobilizou bolsonaristas e dissidentes do bolsonarismo, como os deputados Joice Hasselmann (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP), e chegou a gente muito próxima a Bolsonaro, como os filhos Eduardo e Carlos. Neste ano, o foco da comissão será a disseminação de notícias falsas na campanha eleitoral, segundo o senador Ângelo Coronel (PSD-BA), presidente do colegiado.