Justiça determina o destino de Adélio Bispo na prisão
Autor de facada em Jair Bolsonaro em Juiz de Fora está detido há quatro anos
O magistrado Bruno Savino, da Justiça Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, determinou no último dia 15 que Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada no então candidato a presidente Jair Bolsonaro, em 2018, permaneça detido no Presídio Federal de Campo Grande (MS) até pelo menos setembro de 2025. A decisão seguiu solicitação do Ministério Público Federal (MPF) e do Departamento Penitenciário Federal (Depen). Em maio de 2019, a Justiça decidiu que Adélio é acometido por doença mental e que não seria julgado pelo atentado, mas deveria cumprir medida de segurança por no mínimo três anos. O prazo venceria em setembro e agora foi renovado.
Desde a decisão de 2019, a defesa de Adélio solicita que ele possa ser tratado na cidade mineira onde houve o atentado, mas o pedido nunca foi aceito, sob justificativa de uma possível instabilidade que o autor da facada no atual presidente poderia causar. “O referido interno ainda possui relevante potencial de desestabilizar o Sistema Penitenciário Estadual, por isto, é desfavorável ao retorno do nominado ao Estado de origem, uma vez que subsistem os motivos ensejadores da inclusão”, relatou a diretoria do Depen, em 23 de junho passado.
O MPF tem uma visão semelhante sobre a situação, mas não se absteve de aprovar a realização de perícias e exames que possam atestar a periculosidade do preso. “Solicito a renovação do período de permanência de Adélio Bispo de Oliveira naquela unidade, por 03 (três) anos, sem prejuízo da periódica averiguação da persistência ou da cessação de sua periculosidade, e sem interrupção da imprescindível assistência médica que lhe há de ser dispensada em atenção ao transtorno diagnosticado ao ensejo do incidente de insanidade mental”, afirmou o procurador da República Marcelo Borges de Mattos Medina.
A despeito da decisão judicial que prorroga a permanência de Adélio em um presídio federal de segurança máxima, ele passará no próximo dia 25 de julho por uma “perícia para a cessação ou permanência da periculosidade”. Os trabalhos serão realizados por dois médicos e deverão durar doze horas.
Em junho passado, VEJA mostrou que o estado mental de Adélio Bispo é muito frágil. Em 23 cartas às quais a reportagem teve acesso, ele faz uma série de pensamentos desconexos com a realidade. Diz, por exemplo, que a maçonaria domina a Justiça e que o chá do Santo Daime revigora o corpo dos adeptos dessa sociedade secreta. Também faz referências ao presidente Jair Bolosnaro. Veja abaixo:
Nos últimos anos, Adélio Bispo passa a maior parte do tempo isolado. Durante as duas horas de banho de sol a que tem direito, precisa sair da cela algemado e retorna da mesma forma. Durante alguns desses “passeios”, ele chegou a causar confusões com outros presos, discutiu com um carcereiro e foi levado para a solitária.