Ainda não chegou ao fim a novela em torno do fornecimento à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do conteúdo das mensagens trocadas por procuradores da Operação Lava Jato em Curitiba e o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, vazadas depois de ataques de hackers em 2019. A defesa do petista reclamou nesta quarta-feira, 20, com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski ter recebido apenas 10,6% da integralidade dos arquivos apreendidos na Operação Spoofing, de 7 terabytes.
O ministro havia determinado em dezembro que apenas as mensagens que tivessem relação direta ou indireta com Lula fossem fornecidas à defesa, assim como as relacionadas aos processos a que ele responde, mas por dificuldades na análise de todo o conteúdo que limitariam o acesso, os advogados argumentaram à Polícia Federal pela entrega de todo o material. No termo em que formalizou o acesso, o delegado Elias Milhomens informou que o os dados continham “cópia integral das mensagens informais trocadas no âmbito da força-tarefa da Operação Lava Jato, que foram identificadas nas mídias arrecadadas em poder de Walter Delgatti Neto”.
Os advogados do petista dizem ter entregue à PF no dia 6 de janeiro duas mídias para armazenamento dos dados, uma com capacidade de 8 terabytes (8.000 gigabytes) e outra com 4 terabytes (4.000 gigabytes). Cinco dias depois, quando Milhomens entregou as mídias, no entanto, os defensores afirmam que a de maior capacidade estava vazia e de 4 terabytes tinha apenas 740 gigabytes de arquivos.
A defesa de Lula relata ao ministro não ter iniciado a análise do conteúdo quatro dias depois, no dia 15. “No dia 15.01.2021, a Defesa Técnica do Reclamante, com o auxílio técnico especializado, concluiu o protocolo de segurança inicial com a realização de um backup de segurança. Neste acesso inaugural, no entanto, chamou a atenção a quantidade de arquivos fornecidos, que, em volume bem inferior aos 7TB constantemente referido, perfazem cerca de 740GB, consubstanciados em 5.564.269 itens”, dizem os defensores do ex-presidente.
A defesa também reclama a Lewandowski pelo fato de os dados fornecidos serem apenas os apreendidos com o hacker Walter Delgatti Netto, não incluindo os outros investigados pela invasão dos celulares. Eles pedem que o ministro intime o delegado Elias Milhomens a compartilhar integralmente os arquivos ou explicar a discrepância nas informações.