Mário Covas, ‘frente ampla’ e o simbólico palco para a convenção de Nunes
Prefeito de São Paulo tenta minimizar protagonismo do bolsonarismo em sua campanha e faz aceno ao PSDB e seu líder histórico
O prefeito de São Paulo e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), escolheu o local da convenção partidária que, no dia 3 de agosto, irá oficializar a escolha do seu nome e do candidato a vice. O encontro será na área externa da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), e a definição do local teve um caráter simbólico, como admite a própria cúpula paulistana do partido.
“Foi na Alesp que o saudoso Mário Covas, ex-governador de São Paulo e avô de Bruno Covas, prefeito que nos deixou em maio de 2021, lançou sua candidatura ao governo paulista”, relembra o ex-deputado federal Enrico Misasi, presidente do diretório municipal do MDB. Ele diz, ainda, que “será o momento de mostrar a amplitude da coalizão política em torno da reeleição do prefeito”.
A escolha reforça o intuito do prefeito de construir uma campanha com ares de frente ampla (sua coligação tem onze partidos, do centro à direita) e minimizar o destaque dado ao PL de Jair Bolsonaro, que indicou o pré-candidato a vice, o coronel da reserva Ricardo de Mello Araújo. Apesar de precisar do voto bolsonarista, a campanha de Nunes tem evitado colar sua imagem à do ex-presidente.
A referência a Covas, um dos nomes históricos do PSDB, também faz parte dessa estratégia. Foi na Alesp que Covas lançou a sua candidatura ao governo do estado, em 1994 — a sua vitória daria início a uma extensa hegemonia política do PSDB no estado, que durou até a derrota para Tarcísio de Freitas (Republicanos) em 2022.
Bruno Covas
A referência a Bruno Covas, que era o titular da chapa vencedora em 2020, também é um aceno. Ricardo Nunes, que era vice, assumiu o posto de prefeito em maio de 2021, em decorrência da morte de Bruno, vítima de um câncer.
O gesto de Nunes também pode ser considerado um aceno ao PSDB. Apesar de a sigla estar encampando a pré-candidatura do apresentador José Luiz Datena, o nome dele não é consenso dentro do partido. Apesar da ida de Datena ao Mercado Municipal de São Paulo na manhã desta quarta-feira 17, na sua primeira aparição pública como prefeiturável, há conversas e pressões nos bastidores do PSDB para que ele desista da candidatura em prol do apoio a Nunes.
A definição oficial dos nomes só é dada quando o partido faz a convenção partidária. Assim como a convenção do MDB de Nunes, o encontro do PSDB está marcado para o dia 3 de agosto, dois dias antes do prazo final estabelecido pela Justiça Eleitoral.
Já PT e PSOL marcaram a convenção que deve cravar a chapa Guilherme Boulos-Marta Suplicy para o próximo sábado 20, primeiro dia permitido pela Justiça Eleitoral para a realização desses encontros partidários.