O perfil oficial do Ministério da Saúde no Twitter mudou, logo após a saída do ministro Nelson Teich, a forma de informar o quadro geral da pandemia do coronavírus no país. As postagens diárias passaram a trazer uma arte feita pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) com o título “Placar da vida”, que disponibiliza dados sobre “infectados com coronavírus”, “brasileiros salvos” e “em recuperação”, e omite, portanto, os dados sobre mortes. A alteração se repetiu no Instagram do ministério.
A mudança no padrão das postagens ocorre desde o dia 18 de maio – Teich pediu demissão na sexta-feira, dia 15, após desavenças com o presidente Jair Bolsonaro em torno do combate à doença. O primeiro balanço omitido foi justamente o que trouxe o recorde de 1.179 mortes notificadas, na terça-feira 19. Antes o perfil oficial do ministério publicava o quadro completo da situação epidemiológica no país, com detalhes sobre casos e óbitos confirmados em cada estado, assim como os números de mortes registrados no dia. O boletim completo continua sendo disponibilizado no site da pasta.
Veja como era a publicação até 18 de maio:
https://twitter.com/minsaude/status/1262511501757288450?s=20
E como tem sido feito agora:
https://twitter.com/minsaude/status/1263274456224595969?s=20
Junto com as informações, há a hashtag “ninguém fica para trás”, lema clássico das Forças Armadas. Desde a saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, cargos estratégicos do órgão vêm sendo ocupados por militares indicados pelo agora ministro interino, o general Eduardo Pazuello.
O ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos, reclamaram em diversas ocasiões da atenção exagerada, segundo eles, que a imprensa concede aos óbitos na cobertura da pandemia.
Na terça-feira 19, o país ultrapassou pela primeira vez a marca de mil mortes registradas em um único dia (foram 1.179). Até esta quarta-feira, haviam sido contabilizados 18.859 óbitos e mais de 290.000 casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde.