Múcio descarta uso do Brasil para invadir a Guiana: ‘Em hipótese nenhuma’
Ministro da Defesa diz que não vai permitir passagem de forças militares da Venezuela que estejam se movimentando para eventual invasão do país vizinho
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse nesta segunda-feira, 11, que o Brasil não vai permitir “em hipótese nenhuma” que a Venezuela utilize o território brasileiro como passagem para uma eventual invasão por terra à Guiana. “Nossa atribuição é a preservação do território nacional. Temos uma fronteira. Eles só chegarão à Guiana se passarem pelo território brasileiro e nós não vamos permitir em hipótese nenhuma”, disse o ministro, durante conversa com jornalistas.
Múcio comentava os recentes movimentos do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pela anexação do território de Essequibo, que pertence à Guiana e é reivindicada pelo país vizinho há mais de cem anos. Maduro passou a intensificar a pressão pela anexação do território desde 2015, quando foi descoberta grande reserva de petróleo na região.
Nas últimas semanas, Maduro tem aumentado o tom das ameaças, mesmo após manifestação da Corte Internacional de Justiça no sentido de manter o território em poder da Guiana e proibindo qualquer movimentação da Venezuela pela tomada do território.
Na semana passada, entretanto, Maduro mandou projeto para o Legislativo venezuelano em que determina a criação do estado de Guiana Essequiba e nomeou um coronel como interventor e única autoridade na região. Além disso, determinou a instalação de uma unidade militar na cidade de Tumeremo, fronteira com a Guiana.
Os movimentos de Maduro acenderam um alerta no Brasil, que faz fronteira com os dois países pelo norte de Roraima. A região de Essequibo é de floresta densa e rios, com poucas estradas, e uma eventual invasão terrestre necessariamente teria que passar por estradas de Roraima para chegar à Guiana.
Enquanto o governo brasileiro tenta resolver a questão por meio do diálogo, enviando prepostos para dialogar com representantes dos dois países, o exército brasileiro reforçou o efetivo de militares e enviou veículos blindados ao estado.
Presidentes de Venezuela e Guiana devem se reunir
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu, durante reunião de líderes do Mercosul, no Rio de Janeiro, que o presidente de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, fosse intermediário do diálogo entre os dois países. Uma reunião entre os três está marcada para a próxima quinta-feira, 14, em São Vicente e Granadinas.
Na conversa com jornalistas, nesta segunda-feira, Múcio afirmou que a manobra de Maduro é “política” e sugeriu que teria como pano de fundo a eleição presidencial, que está marcada para ocorrer em 2024. “Isso é uma manobra política dele. Se fosse perto das eleições eu não me preocuparia muito, mas não vai passar”, disse.