Em 2023, o Brasil tinha 24% de jovens entre 18 e 24 anos de idade que não estudavam nem trabalhavam, os chamados “nem-nem”. O número representa uma melhora em relação a 2016, quando o percentual chegava a 29,4%, mas a situação ainda é pior do que em boa parte dos países desenvolvidos, segundo dados publicados nesta terça-feira, 10, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo o relatório Education at a Glance (EaG) 2024, a taxa média de jovens nem-nem entre os 38 países membros da OCDE passou de 15,8% em 2016 para 13,8% em 2023. O estudo aponta o fortalecimento do mercado de trabalho e a maior inclusão no ensino público como fatores que contribuíram para a redução na maioria das nações do bloco, incluindo o Brasil.
Apesar da melhora nos indicadores, o investimento estatal em educação no Brasil ainda deixa muito a desejar na comparação internacional. Em 2023, o gasto médio anual por aluno da rede pública brasileira, em todas as esferas de governo, era de 3.668 dólares (cerca de 20.500 reais, em valores atuais), menos de um terço da média de 11.914 dólares (66.700 reais) dos países membros da OCDE.
O atraso se reflete, também, na remuneração dos professores da rede pública. No ano passado, de acordo com o relatório, a média nacional do salário mínimo para docentes era de 23.018 dólares (128 mil reais) por ano, 47% menor do que a média de 43.058 dólares (241 mil reais) anuais dos países membros da OCDE.
Investimento em educação cai ao redor do mundo
Tanto no Brasil quanto nos demais membros da OCDE, o estudo revela uma redução da participação total da educação nos gastos dos governos entre 2015 e 2021. No entanto, na comparação ano a ano, a média do bloco econômico cresceu, enquanto a brasileira diminuiu.
Nesse período, a parcela de gastos do Estado brasileiro representada pela educação pública foi 1,5% menor a cada ano, totalizando um recuo de 11,2% para 10,6%. No mesmo intervalo, esse percentual cresceu 2,1% ao ano na média das nações da OCDE, mas o indicador total caiu de 10,9% para 10% em seis anos — na prática, esses governos elevaram os valores investidos em educação, mas o total da despesa pública aumentou de forma desproporcional entre 2015 e 2021.