O chá de cadeira de Tarcísio em Suplicy no Palácio dos Bandeirantes
Petista tentou fazer apelo ao governador sobre privatização da Sabesp, que foi votada na quarta-feira 6
Às vésperas da votação da privatização da Sabesp, o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) levou um chá de cadeira do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), na última terça-feira, 5.
Sem horário marcado, o parlamentar petista foi até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, com o objetivo de pedir que o governador reconsiderasse a realização de um plebiscito — votação popular a respeito de determinado tema — sobre a desestatização da companhia.
Segundo interlocutores do Palácio dos Bandeirantes, Suplicy ficou cerca de cinco horas esperando por uma brecha para despachar com Tarcísio, mas não foi atendido. Para além da questão da agenda do governador, o entorno de Tarcísio diz que, mesmo se ele tivesse tempo e disposição para receber o petista, não pegaria bem um encontro com um integrante da oposição às vésperas da votação — a mais importante, até agora, da atual gestão. “Seria péssimo para a gente estar discutindo Sabesp, e ele sair num vídeo com o Suplicy falando de plebiscito”, diz um aliado.
DIFICULDADE NA BASE
A proposta de privatização foi votada na quarta-feira, 6, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), numa sessão bastante tumultuada. Mas o favoritismo do governo nessa questão é reconhecido até pela oposição. O esforço para garantir a aprovação do projeto ocorreu em meio a críticas sobre falhas na articulação política do Palácio dos Bandeirantes. As maiores queixas partem da bancada bolsonarista, que reclama de falta de espaço no governo e do que classifica como tentativa de descolamento do governador da “pauta ideológica”. A voz corrente nessa ala é que Tarcísio quer o eleitorado de Bolsonaro, mas sem se comprometer demais com o ex-presidente.
O grupo de insatisfeitos esteve na última segunda-feira, 4, com Tarcísio e pode “aparar as arestas” em relação a temas como o compromisso com as escolas cívico-militares. No que tange ao posicionamento ideológico, o consenso é que houve uma sinalização do governador em adotar uma postura mais “neutra”.