O crescente destempero de Renan Santos, líder do MBL
Após repercussão de falas misóginas do deputado Arthur Do Val (Podemos-SP), colega interrompeu transmissão e mandou recados aos gritos e palavrões
O ativista Renan Santos, fundador do Movimento Brasil Livre (MBL) e um dos seus principais líderes, apareceu aos gritos e palavrões em uma live do grupo para cobrar uma reação contundente dos militantes contra a possibilidade de cassação do mandato do deputado estadual Arthur Do Val (Podemos) em razão das referências sexistas a refugiadas ucranianas feitas pelo parlamentar em áudio vazado.
Irritado, ele disse que “vagabundos” estão se movimentando para retirar Do Val da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Renan e o parlamentar foram à Ucrânia em fevereiro para entregar doações a refugiados da guerra, mas a viagem ficou marcada por áudios em que o youtuber, conhecido como Mamãe Falei, diz que as mulheres no país “sãos fáceis, porque são pobres”.
Dois integrantes do MBL, Ricardo Almeida e Cristiano Beraldo, conduziam uma transmissão em vídeo — com o título “O fim do MBL” — quando Renan interveio para dar um recado à militância. Ele começou dizendo que “provavelmente o Arthur vai ter o mandato cassado, mantendo-se a situação atual”. Numa explosão de raiva, afirmou que era necessário proteger o mandato do colega, que se afastou da direção do MBL nesta semana após a repercussão do caso.
Arthur Do Val é alvo de ao menos doze representações na Alesp que pedem a cassação de seu mandato no Conselho de Ética. Na quarta-feira, 9, o colegiado terá uma reunião para discutir a unificação de todos os pedidos.
“O Arthur fez merda? Ele fez merda, beleza. Agora vocês têm que colocar a mão na cabeça e falar o seguinte: é comparável um cara falar merda e ser cassado a um ladrão roubar seu dinheiro e não acontecer bosta nenhuma?”, disse Renan, dando tapas na mesa. “Baseado no seu medo, no seu espanto com as declarações deles, os vagabundos estão se movimentando e o Arthur vai perder o mandato.”
Ele também deixou clara a preocupação na cúpula do MBL sobre o efeito que a cassação pode ter no mandato de outros integrantes do movimento. “Vai deixar ele ser cassado? Amanhã é o Kim (Kataguiri, deputado federal) depois é o Rubinho (Nunes, vereador em São Paulo)”, disse, aos gritos.
Antes de deixar a transmissão, diante dos dois colegas espantados, Renan pegou uma caneca e arremessou contra o chão do estúdio.