O grande gol contra de Lula anotado em nome da política
Demissão de Ana Moser é um novo capítulo na longa tradição varzeana da gestão do esporte no Brasil
Considerando que a gestão do esporte no Brasil sempre foi uma várzea no campo do governo federal, o presidente Lula acaba de acrescentar mais um capítulo vexaminoso a essa tradição. Ele confirmou nesta terça, 5, a intenção de demitir a ministra Ana Moser para entregar a pasta de Esportes ao PP, pois é preciso dar mais espaço ao Centrão de forma a garantir uma base de apoio mais sólida no Congresso. Como jogada política, o gesto tem uma lógica clara. Mas, em termos práticos e até mesmo simbólicos, é um tremendo gol contra.
Ao deixar o vôlei depois de se consagrar como uma das maiores atacantes da história, Ana Moser engajou-se em importantes projetos sociais ligados ao esporte e, com base em sua experiência dentro e fora das quadras, parecia a pessoa certa para um país que nunca levou a sério o assunto. E tudo indica que isso vai continuar assim, pois Ana Moser durou menos de oito meses na Esplanada dos Ministérios. Será substituída pelo deputado André Fufuca, que atua fazendo tabelinha com o presidente da Câmara, Arthur Lira.
Na era Bolsonaro, o esporte chegou a ser tão escanteado que perdeu o status de Ministério — a estrutura acabou incorporada à pasta da Cidadania. Crítico da medida, Lula prometeu fazer diferente. Recriou o ministério, entregou-o a Ana Moser e, em meio aos rumores de que poderia sacrificá-la para satisfazer o apetite do Centrão, afirmou que não tinha essa intenção. Puro jogo de cena. Sai Ana Moser, entra Fufuca. É um novo 7 a 1 contra o Brasil.