Dias após a operação da Polícia Federal que mirou Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, a possibilidade de prisão do ex-presidente inspirou fantasias de Carnaval por todo o Brasil. Nos blocos, foliões aproveitaram o noticiário para ironizar as investigações contra o ex-mandatário, a apreensão de seu passaporte e até o meme, amplamente viralizado, do “toc toc toc” que remete às batidas na porta da Polícia Federal na época da Lava-Jato.
Na esteira das ações mais recentes da PF, outras ideias de fantasias aludem aos atentados de caráter golpista de 8 de janeiro de 2023 — quando eleitores bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios dos três poderes, em Brasília — e até mesmo à famigerada investigação sobre as “joias sauditas”, gemas que o ex-presidente ganhou de presente do príncipe saudita Mohammed bin Salman e teria revendido nos Estados Unidos.
Confira, na galeria abaixo, algumas das fantasias mais criativas idealizadas pelos foliões do Carnaval de 2024.
Repercussão política
Alguns políticos de esquerda também entraram no embalo da ironia carnavalesca. Na capital paulista, por exemplo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) marcou presença em um bloco e aproveitou a ocasião para gravar um vídeo de pré-campanha e reforçar apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na publicação, o pré-candidato à prefeitura de São Paulo interage com um folião fantasiado de “gênio da lâmpada” para pedir três desejos: “Primeiro, Bolsonaro preso; segundo, Lula reeleito; terceiro, a prefeitura de São Paulo na mão do povo”.
Já em Minas Gerais, os pedidos pela prisão do ex-presidente mobilizaram os foliões de um bloco de rua em Belo Horizonte. “Ão, ão, ão, Bolsonaro na prisão”, cantam os presentes na festa. Ao microfone, o cantor emenda o coro com “foge, foge, Bolsonaro, vai pra casa do c…”.
Passaporte apreendido
Uma das principais repercussões da operação contra Jair Bolsonaro na última quinta-feira, 8, foi a apreensão de seu passaporte, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre o 8 de Janeiro no Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten, declarou a VEJA que a medida era “totalmente descabida”, já que, segundo ele, o ex-mandatário não teria intenção de deixar o país sem informar às autoridades.
Outros alvos da Polícia Federal na semana passada foram os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres (Justiça) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). A operação, denominada Tempus Veritatis, tem como base o vídeo de uma reunião entre Jair Bolsonaro e integrantes do seu governo cujo tema é a possibilidade de uma intervenção militar após a vitória de Lula nas eleições presidenciais de 2022.