O jantar a dois que selou a paz entre Alckmin e Doria
Cinco anos após rompimento, criador e criatura se reúnem em São Paulo para retomar laços
Não estava na agenda oficial do vice-presidente da República nem no imaginário de aliados mais próximos. Cinco anos depois de chamar o então candidato ao governo paulista, João Doria, de “traidor” em plena reunião da Executiva Nacional do PSDB, Geraldo Alckmin (hoje no PSB) aceitou selar a paz no domingo, 3, com o antigo apadrinhado político. O encontro entre criador e criatura ocorreu durante um jantar na casa do empresário, na Zona Sul de São Paulo, e serviu para marcar a retomada da amizade. Alckmin era o único convidado.
Segundo Doria, a aproximação teve a participação de amigos em comum. Desde o rompimento da relação, marcado por uma disputa interna de poder na sigla e o desejo de ambos de concorrer ao Palácio do Planalto em 2018, nomes próximos aos dois ex-governadores tentavam refazer os laços. “Muitos bons amigos fizeram força para chegarmos a este bom entendimento. Estou feliz por isso. Gosto e respeito Geraldo Alckmin”, disse Doria a VEJA depois de tornar público o encontro pelas redes sociais.
No X (antigo Twitter), Doria postou uma selfie dos dois, afirmou que recebeu a “honrosa visita do presidente Geraldo Alckmin” e destacou que o padrinho chegou à sua casa dirigindo seu carro particular. Ou seja: o encontro não teria tido caráter institucional, mas pessoal. “Tivemos uma excelente conversa sobre o Brasil e suas boas perspectivas. Alckmin tem grandeza, capacidade e bom sentimento”, escreveu.
Com a viagem de Lula ao exterior — para participar no fim de semana da cúpula do clima da ONU, em Dubai, e visitar a Alemanha –, Alckmin exerce a Presidência da República de forma interina, o que tem ocorrido com frequência nos últimos meses. Além disso, também é um dos ministros do governo petista (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), o que, particularmente, interessa a Doria desde que reassumiu a presidência do Lide, o grupo empresarial que reúne autoridades para tratar de pautas nacionais, como economia e sustentabilidade.
Em julho, o presidente Lula vetou a participação de seus ministros nos eventos do Lide, atrapalhando os planos do ex-tucano e acelerando uma mudança radical de postura. Desde então, Doria pediu desculpas ao petista por ter ultrapassado os limites nas críticas que fez no passado e afirmou que o atual presidente pode ser o “grande agente pacificador do Brasil”.
Neste contexto, a paz selada com Alckmin é mais um sinal de que, mesmo sem mandato — e sem partido –, Doria segue firme na política.