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O vencedor Duque de Caxias e a batalha perdida contra as drogas em SP

Praça na qual há um monumento em homenagem ao patrono do Exército brasileiro é palco de ação da PM na fracassada luta contra o crack

Por Da Redação Atualizado em 11 Maio 2022, 18h29 - Publicado em 11 Maio 2022, 16h16
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  • O monumento ao patrono do Exército brasileiro: cenário de conflitos e desolação —
    O monumento ao patrono do Exército brasileiro: cenário de conflitos e desolação — (Allison Sales / Agência O Globo/VEJA)

    Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, entrou para a história nacional ao acumular vitórias na Guerra do Paraguai. Ao redor da estátua construída em sua homenagem numa praça do centro de São Paulo, por ironia, vê-se agora o retrato de uma batalha perdida, a do combate contra as drogas. A partir de uma ação realizada nos últimos meses pela polícia contra bandidos na Cracolândia, como é conhecida a área no centro da maior cidade do país que concentra o movimento de traficantes e dependentes de crack, os usuários da droga migraram para um local próximo, a Praça Princesa Isabel, justamente o endereço de um monumento erguido em homenagem a Caxias.

    Ali, ao redor da estátua do patrono do Exército brasileiro, uma tropa de centenas de viciados montaram suas barracas e seguiram a rotina de consumo de drogas. Na operação batizada de Caronte (menção ao personagem da mitologia grega que carrega os defuntos para o mundo dos mortos), PMs e guardas civis metropolitanos entraram em ação na terça 11, com o objetivo de retirar de lá a aglomeração. Foram recebidos a pedradas e reagiram com balas de borracha. O tumulto interditou ruas ao redor da região e durou por volta de duas horas. Ao final, parte dos dependentes voltou a ocupar a praça.

    Foi mais uma batalha perdida contra as drogas em São Paulo. Desde que a epidemia do crack tomou as ruas da metrópole, governos de diferentes matizes ideológicas fracassaram no combate ao problema. Na época da prefeitura do petista Fernando Haddad, criou-se o programa Braços Abertos, que funcionava sob a lógica de redução de danos. Usuários recebiam um salário em troca da realização de serviços com a varrição das ruas e ganhavam abrigo em hotéis desocupados das redondezas, mas sem o compromisso de abandonar de imediato o vício. Orgulhoso da iniciativa, Haddad chegou a percorrer as ruas da Cracolândia ciceroneando o príncipe britânico Harry. A oposição não poupou a ideia, batizando-a de “bolsa-crack”, em alusão ao fato de que o dinheiro pago pela prefeitura acabava sendo usado pelos dependentes para a compra de drogas. As críticas se avolumaram com a execução precária do Braços Abertos. Com a fiscalização frouxa, os usuários apareciam apenas para receber o pagamento — e sumiam do trabalho. Os hotéis cadastrados viraram pontos de tráfico de drogas e de roubos constantes.

    Sucessor de Haddad na prefeitura paulistana, o tucano João Doria, hoje presidenciável do PSDB, trocou o Braços Abertos por um programa batizado de Redenção. O começo foi barulhento, com prisões e ocupação do lugar por forças policiais. Aos dependentes, o governo municipal oferecia tendas para o encaminhamento a programas de recuperação. Empolgado com o início da operação, Doria chegou a profetizar que a Cracolândia, da forma como era conhecida, estava com os dias contados. Passado algum tempo, no entanto, a região voltou a ser ocupada por dependentes e traficantes. O conflito da última terça, ocorrido sob os olhares da estátua do vencedor Duque de Caxias, é o retrato mais recente da derrota das políticas públicas contra as drogas em São Paulo.

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