Oposição mantém Jordy na liderança da Câmara e anuncia ofensiva contra STF
Parlamentares alegam perseguição e abusos de poder do Judiciário após operação da PF contra deputado
Deputados e senadores da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciaram nesta quarta-feira, 24, que estão articulando um movimento no Congresso Nacional para combater o “desequilíbrio entre os poderes” e “fortalecer as prerrogativas parlamentares”.
As declarações ocorrem uma semana após a operação da Polícia Federal contra o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), que permanecerá na posição de líder da oposição na Câmara. A previsão era que ele fosse sucedido por Filipe Barros (PL-PR) a partir de fevereiro.
Durante coletiva de imprensa em Brasília, os parlamentares criticaram o que chamam de “abuso de autoridade” por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmaram que vão conversar com lideranças tanto da oposição quanto da base governista para trabalhar pelo reequilíbrio entre os poderes. “Há uma evidente hipertrofia de um Poder [Judiciário] sobre o Legislativo, e nós vamos definir pautas que unem oposição e situação e dizem respeito à preservação das prerrogativas”, afirmou o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado.
Na mesma coletiva, Jordy voltou a alegar que as ações de busca e apreensão realizadas pela PF em sua casa e no seu gabinete na Câmara foram medidas de “perseguição política” contra opositores do governo, e fez um apelo aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para defender e fortalecer a imunidade parlamentar.”Esses inquéritos têm que acabar, são inquéritos inconstitucionais. Cabe ao Judiciário apenas julgar, e nós estamos vendo eles fazendo todo tipo de inquérito de ofício”, declarou.
Estavam também presentes no evento o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e os deputados Carla Zambelli (PL-SP), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Marcel Van Hattem (NOVO-RS), além de outras lideranças de direita no Congresso.
Investigado pelos ataques de 8 de janeiro
Na última quinta-feira, 18, Jordy foi alvo de buscas da Polícia Federal no âmbito da Operação Lesa-Pátria, que investiga mentores e financiadores dos atentados de caráter golpista ocorridos em 8 de janeiro de 2023 em Brasília. Ele é suspeito de articular grupos de manifestantes que depredaram os prédios dos Três Poderes e, anteriormente, organizaram acampamentos em frente a quartéis pedindo por uma intervenção militar no governo.
No celular do deputado, a PF encontrou uma conversa com Carlos Victor Carvalho, liderança da extrema direita conhecido como “CVC”, acusado de financiar ônibus que transportaram manifestantes de Campos dos Goytacazes (RJ) a Brasília no dia dos atos — nas mensagens, CVC chama Jordy de “meu líder” e envia uma foto em meio aos protestos. Além de afirmar que as mensagens foram tiradas de contexto e que a imagem foi adulterada, Jordy alega que o mandado judicial contra ele foi feito “de ofício” (sem autorização) pelo ministro Alexandre de Moraes.
É importante ressaltar que as decisões de Moraes contra Jordy foram expedidas a pedido da própria Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito das investigações sobre tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiro — as duas instituições são responsáveis por apurar crimes, denunciar suspeitos e solicitar mandados para operações contra os investigados.