Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Imagem Blog

Maquiavel

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Órgão da PGR compara facada em Bolsonaro a crimes contra Marielle e Lula

Ao repudiar atentado, Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão faz críticas veladas a discurso pró-ditadura e contra direitos humanos do presidenciável

Por Da Redação
Atualizado em 10 set 2018, 18h23 - Publicado em 10 set 2018, 16h06

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão da Procuradoria-Geral da República que trata de direitos humanos, divulgou nesta segunda-feira, 10, uma nota em que repudia o atentado contra o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro.

Publicado quatro dias depois de Bolsonaro ter sido esfaqueado em um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), o comunicado afirma que a agressão ao presidenciável “é um ato que se soma à espiral de discursos de ódio e de violência nas discussões políticas no país” e “se conecta” ao assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e aos tiros contra um ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Paraná, ambos em março.

Para a PFDC, comandada pela procuradora Deborah Duprat, esses crimes são “tentativas de subverter o exercício legítimo de direitos políticos e civis pela população brasileira e, portanto, dos direitos humanos”.

Embora repudie o atentado, o órgão também faz críticas veladas a Jair Bolsonaro. A PFDC afirma que os ataques “assumem maior relevo quando considerados no contexto da propagação de ideias que flertam com o desrespeito ao procedimento democrático constitucional ou mesmo de elogios e reverências ao passado ditatorial”. Bolsonaro costuma elogiar torturadores da ditadura militar.

Em outro trecho do texto, assinado por Deborah e outros quatro procuradores, o órgão vinculado à PGR cita as críticas feitas pelo presidenciável aos direitos humanos e pondera que o atentado reforça a necessidade de defender esses direitos.

“O ataque na última semana em que pese ter vitimado o candidato que defende o fim de políticas de direitos humanos demonstrou uma vez mais a importância da proteção e promoção desses direitos, os quais se manifestaram na defesa dos seus próprios direitos à vida e à integridade física, como também no pronto atendimento que recebeu de serviços públicos de saúde e no devido processo de investigação dos fatos que lhe envolveram”, diz a nota.

Continua após a publicidade

Leia abaixo a íntegra do texto:

O ataque com uma faca ao candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, no último dia 6 de setembro, durante um ato de campanha na cidade de Juiz de Fora/MG, é um ato que se soma à espiral de discursos de ódio e de violência nas discussões políticas no país, aumentando os desafios que se impõem à democracia brasileira. Na sua dimensão política, ele se conecta com o homicídio da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, e os disparos de arma de fogo desferidos contra a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Paraná, ambos em março deste 2018.

Agressões como essas são tentativas de subverter o exercício legítimo de direitos políticos e civis pela população brasileira e, portanto, dos direitos humanos. O emprego de violência no debate político ataca uma das regras essenciais do jogo democrático, de que todos os atores sociais respeitam o direito à concorrência e respeitam o resultado do processo eleitoral, seja qual for. De fato, a democracia política funciona quando a vasta maioria dos atores políticos assume que qualquer conflito ou crise serão decididos e resolvidos de acordo com as normas, procedimentos e instituições constitucionais, a começar pelo respeito aos processos eleitorais, e sem temores ou ameaças de rupturas autoritárias. Esses ataques assumem maior relevo quando considerados no contexto da propagação de ideias que flertam com o desrespeito ao procedimento democrático constitucional ou mesmo de elogios e reverências ao passado ditatorial.

Continua após a publicidade

Os direitos humanos não são privilégios de pessoas que necessitam de proteção em face do Estado, mas sim um patrimônio civilizatório compartilhado por toda a população, o qual compreende inúmeras dimensões da vida cotidiana nos planos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais. O ataque na última semana – em que pese ter vitimado o candidato que defende o fim de políticas de direitos humanos – demonstrou uma vez mais a importância da proteção e promoção desses direitos, os quais se manifestaram na defesa dos seus próprios direitos à vida e à integridade física, como também no pronto atendimento que recebeu de serviços públicos de saúde e no devido processo de investigação dos fatos que lhe envolveram.

Oxalá esse novo episódio de violência sirva de divisor de águas sobre a necessidade de retomada urgente do processo eleitoral e político em um ambiente democrático de respeito às diferenças e dissidências, com a compreensão de que todos têm o direito de se ver suas ideias livremente expressadas e representadas. A liberdade de manifestação do pensamento, inclusive político, é também um direito humano. Seu exercício exige responsabilidade e não se confunde com a difusão do ódio e o estímulo ao uso arbitrário da força, tal como estabelece a Constituição Federal e, também, a Declaração Universal sobre Direitos Humanos e a Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.

Deborah Duprat

Continua após a publicidade

Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão


Marlon Weichert

Procurador Federal Adjunto dos Direitos do Cidadão

Continua após a publicidade


Domingos Dresch

Procurador Federal Adjunto dos Direitos do Cidadão


Eugênia Gonzaga

Continua após a publicidade

Procuradora Federal Adjunta dos Direitos do Cidadão

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.