Um dos endereços vasculhados pela Polícia Federal (PF) na operação desta segunda-feira, 29, que teve como um dos seus alvos o vereador e filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), é a casa de praia da família na cidade de Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro.
Foi de lá que Jair Bolsonaro e seus três filhos fizeram uma live na noite do domingo, 28, divulgando o lançamento de uma cartilha para futuros candidatos nas eleições de 2024. O ex-presidente e os três filhos — além de Carlos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) — estão reunidos na residência. De acordo com a Globonews, eles saíram de lancha no momento em que os agentes chegaram.
Além do endereço em Angra, a PF também cumpriu cinco mandados no Rio de Janeiro, um em Brasília, um em Formosa (GO) e outro em Salvador (BA). Com um dos militares alvo da diligência, os investigadores encontraram um computador e um token da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A operação busca colher provas para instruir a investigação sobre a existência de uma “Abin paralela”, nutrida pelo governo Bolsonaro. De acordo com a PF, as diligências desta segunda são um desdobramento da operação feita na última quinta, 25, que teve como um dos alvos o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A investigação esta sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Espionagem de autoridades
A suspeita dos investigadores é de que a Abin teria espionado ilegalmente diversas autoridades, incluindo adversários políticos e membros do Judiciário, usando um programa chamado FirstMile, que monitora os sinais de celular dos alvos. As informações colhidas eram repassadas ao clã Bolsonaro. O ex-presidente chegou a admitir que recebia informações dessa “Abin paralela”.
Na época em que se suspeita que as espionagens tenham acontecido, o diretor do órgão era Ramagem. Delegado da PF, ele se aproximou da família Bolsonaro depois do episódio da facada sofrida pelo então presidenciável em Juiz de Fora, em 2018, passando a usufruir da confiança da família. Ele foi diretor da Abin durante a gestão passada, e os monitoramentos ilegais investigados pela PF e pelo Supremo aconteceram durante a gestão dele no órgão.
O nome do deputado é cotado pelo PL para ser candidato à prefeitura do Rio, diante da inelegibilidade do general Braga Netto, decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).