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Primeira a ser vacinada no país, enfermeira sofre ataques na internet

Mônica Calazans, no entanto, disse preferir não 'dar ênfase' a xingamentos

Por Juliana Castro Atualizado em 19 jan 2021, 17h04 - Publicado em 19 jan 2021, 12h25

Primeira a ser vacinada contra a Covid-19 no país, a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, de São Paulo, tem sido muito parabenizada por suas declarações em favor da imunização, mas também passou a ser alvo dos negacionistas nas redes sociais, principalmente defensores do presidente Jair Bolsonaro. Entre outros ataques, ela já foi acusada de apoiar o ex-presidente Lula e de ter ido à praia sem máscara e sem preocupação com aglomeração, além de receber várias ofensas — ela conta, por exemplo, que já foi chamada de “vaca”.

Direto do plantão no Hospital Emílio Ribas, onde entrou às 7h e vai sair às 19h, Mônica conversou rapidamente com VEJA sobre como tem sido a rotina depois que ficou conhecida no país inteiro.  “Sou uma pessoa normal que trabalha. Vida que segue”, disse.

Assim que o rosto da enfermeira se tornou conhecido, várias contas falsas no Twitter foram criadas como se fossem dela, muitas delas usadas para ampliar os ataques — um perfil falso, já suspenso pelo Twitter, por exemplo, seguia Lula e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o que foi usado pelos seus detratores nas redes sociais. Mas, agora, o seu verdadeiro perfil tem o selo de verificação e já reúne quase 4.000 mil seguidores.

Haters também pegaram fotos do perfil aberto de Mônica no Facebook para atacá-la — como uma imagem dela na praia, sem máscara, no final do ano passado. Os detratores também afirmam que ela fez uma encenação ao lado de Doria porque ela já havia participado dos testes da CoronaVac e, portanto, já tinha sido vacinada. Acontece que a enfermeira foi uma das voluntárias que tomaram apenas placebo (que não tem qualquer efeito). Filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro foram às redes criticar a enfermeira. Flávio repassou a apoiadores imagens de Mônica na praia, com o dizer: “Aprenda teatro com a enfermeira Mônica Calazans”. Carlos postou “primeira vacinada aglomerando bonito no fim do ano”.

“Basicamente, agora sou uma pessoa pública. Esses ataques, fotos etc, não estou dando importância para isso porque tenho muito mais coisa para dar importância. Estou dando importância para quem está me parabenizando”, afirmou.  Além de estar na linha de frente, a enfermeira tem perfil de alto risco para complicações da Covid-19: é obesa, hipertensa e diabética.

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Mônica disse ter recebido ofensas, mas não soube se algumas delas tinham, por exemplo, cunho racista. “Meu filho está deletando (as ofensas). É como se ele estivesse me blindando. Ele filtra só o que é bom”, declarou. “Não vou dar ênfase a isso. Prefiro não descobrir quem são (os que atacam). Prefiro descobrir quem está me parabenizando”.

Moradora da Zona Leste de São Paulo, ela disse que já foi reconhecida no ônibus e foi parabenizada pelas afirmações que fez após tomar a vacina. Ela recebeu a dose da CoronaVac, vacina desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, no domingo, 17, no Hospital das Clínicas, em São Paulo. A imunização ocorreu logo após a liberação do uso emergencial da vacina pela Anvisa. Mônica é viúva e mora com o filho Felipe, de 30 anos, que anda cuidando do Twitter da mãe. Atuou como auxiliar de enfermagem durante 26 anos e resolveu fazer faculdade já numa fase mais madura. Formou-se aos 47.

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