Um grupo de deputados do PSOL fez um protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em sua visita à Câmara dos Deputados para entregar a proposta de Reforma da Previdência, na manhã desta quarta-feira, 20. Vestidos com aventais alaranjados, os parlamentares distribuíram laranjas, em referência às suspeitas de que o PSL usou candidaturas femininas “laranjas” em Pernambuco e Minas Gerais para desviar verbas do fundo eleitoral.
O grupo cobrou o governo após a divulgação de áudios, por VEJA, que desmentiram a versão de Bolsonaro de que ele não havia falado com o ex-ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) a respeito das suspeitas que recaem sobre o partido. Bebianno presidiu a legenda durante as eleições e, após quase uma semana de desgaste com Bolsonaro, foi demitido na segunda-feira.
Os parlamentares pediam a saída do ministro do Turismo Marcelo Alvaro Antônio, presidente do diretório mineiro durante as eleições e também envolvido nas suspeitas das candidaturas “laranjas”. O ministro segue no cargo e se reúne às 14h com Bolsonaro no Palácio do Planalto. A oposição questiona o fato Bebianno ter sido demitido enquanto Álvaro Antônio continuou no cargo. Bolsonaro, no entanto, justifica que a demissão ocorreu por razões de “foro íntimo”.
“Nossa recepção foi para dizer ao presidente que não há um cenário de normalidade para ele simplesmente vir ao Congresso apresentar seu projeto de Reforma da Previdência, que no nosso ponto de vista é nefasto”, afirmou a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que cobra a a presença de Alvaro e Antonio e de Bebianno na Câmara para prestar esclarecimentos aos parlamentares.
O grupo aproveitou para lembrar o caso de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro quando o filho mais velho do presidente era deputado estadual no Rio de Janeiro. Conforme revelou VEJA em dezembro, o Coaf descobriu que Queiroz recebeu regularmente depósitos de colegas de gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, muitas vezes em datas próximas dos dias de pagamento de salário.
A prática indicaria a ocorrência da chamada “rachadinha”, procedimento irregular pelo qual os servidores nomeados em cargos de confiança repassariam ao deputado a maior parte ou a totalidade de seus salários. Flávio Bolsonaro nega qualquer irregularidade. Em entrevistas, Fabrício Queiroz também afirmou ser inocente e atribuiu a movimentação a supostas operações de compra e venda de carros usados.