Quase um ano após crimes, Justiça ouve réus pelas mortes de Dom e Bruno
Acusados – três pescadores ilegais – estão presos e vão participar da audiência de forma remota
Quase um ano depois dos crimes, os três réus pelo assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips deverão ser ouvidos pela Justiça Federal do Amazonas pela primeira vez nesta segunda-feira, 8. O duplo assassinato, ocorrido no dia 5 de junho de 2022, teve forte repercussão internacional e expôs como diversos grupos criminosos diversificados – do tráfico de drogas à pesca ilegal, passando pelo desmatamento e garimpo ilegal – se emaranhavam no extremo da Amazônia.
Três pescadores ilegais – Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, seu irmão Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos”, e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha” – estão presos e vão participar da audiência de forma remota.
Os interrogatórios estavam previstos para o dia 17 de abril, mas foram adiados pela defesa dos acusados, que entrou com um pedido de liminar no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) para que o interrogatório fosse suspenso até que a Corte de segunda instância decida sobre a possibilidade de oitiva de testemunhas indeferidas pelo juiz. A defesa pedia, por exemplo, que fossem ouvidos 26 peritos, mas o magistrado negou, alegando que os advogados não trouxeram nenhuma dúvida pertinente sobre as perícias.
Nesta fase do processo, o juiz vai analisar as provas e depoimentos de testemunhas para decidir se os acusados irão ou não a júri popular. As audiências do caso ocorrem em meio a adiamentos e problemas técnicos. As sessões foram suspensas duas vezes por causa de falhas na internet nos presídios e queda de energia em Tabatinga.
A defesa dos réus é composta de seis advogados, entre eles Américo Leal, que ganhou notoriedade no julgamento do assassinato da missionária americana Dorothy Stang, com seis tiros em 2005, em Anapu (PA). Ele integrou a defesa do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, sentenciado a trinta anos de prisão em 2013 por ser o mentor intelectual e mandante do crime. No julgamento, Leal disse que Stang “veio a morrer fruto da própria violência que pregou”, disse que ela era o “diabo” e acusou-a de estar a favor de um “projeto de colonização da Amazônia”.