Renan Calheiros vai ao CNJ contra desembargador pai do sócio-genro de Moro
Marcelo Malucelli, do TRF4, restabeleceu a prisão do advogado Rodrigo Tacla Duran, que acusa o senador de extorsão
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) anunciou nesta sexta-feira, 14, que vai pedir ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) o afastamento do desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). Malucelli foi o responsável por restabelecer a prisão do advogado Rodrigo Tacla Duran, apontado pela Operação Lava Jato de operar dinheiro ilícito da Odebrecht no exterior. A representação de Renan será apresentada ao CNJ na segunda-feira, 17.
Tacla Duran, que havia tido as prisões contra si revogadas pelo juiz federal Eduardo Appio, novo responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba, acusa o senador e ex-juiz Sergio Moro (União-PR) e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) de extorsão. Reportagem da nova edição de VEJA detalha o caso.
O pedido de Renan será baseado no fato de Malucelli ser pai do advogado João Eduardo Malucelli, sócio de Moro e da mulher dele, a deputada federal Rosângela Moro (União-SP), no escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados, em Curitiba. João Eduardo também é namorado da advogada Júlia Wolff, filha mais velha de Moro e Rosângela.
“Entrarei no CNJ pedindo o afastamento do desembargador Marcelo Malucelli que restabeleceu a prisão de Tacla Duran, vítima de extorsão da Lava Jato. O filho dele, João Malucelli, é sócio de Sérgio Moro em um escritório de advocacia. Espero a condenação que foi dada a Dallagnol”, escreveu o senador.
Renan Calheiros ainda fez uma adaptação do poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, para ironizar as relações entre os Malucelli e os Moro. “O juiz Marcelo Malucelli amava o filho João Malucelli que amava Júlia Moro que amava os pais, Rosângela e Sérgio Moro, sócios do genro João Malucelli que amava o pai, Marcelo Malucelli, que pediu a prisão de Tacla Duran que não amava nenhum deles e só quer contar uma história”, tuitou.
Ao restabelecer a prisão de Rodrigo Tacla Duran, o desembargador Malucelli considerou que Appio não poderia ter revogado as ordens contra ele, porque o processo havia sido suspenso por ordem do ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski. O magistrado do TRF4 já havia se posicionado, em março, contra um pedido de Tacla Duran para que Moro fosse declarado suspeito em relação a ele nos processos da Lava Jato.