O ex-presidente Michel Temer disse nesta quinta-feira, 29, que a polarização política “ajuda a governar”, mas que o que atravessa o momento político atual é um estado de radicalização. “Nem uso a palavra polarização, porque ela é essencial para a democracia. O que temos hoje é a radicalização, que interessa a alguns elementos da classe política”, disse o emedebista.
Nas eleições municipais, que estão a pouco mais de um mês, imperam tanto a polarização entre candidatos do PT de Luiz Inácio Lula da Silva e do PL de Jair Bolsonaro quanto uma radicalização do discurso de direita. Um dos expoentes dessa tendência é o coach Pablo Marçal, que estrutura sua campanha com ataques a adversários e materiais pensados para “viralizar” nas redes sociais. As últimas pesquisas eleitorais demonstraram um crescimento exponencial dele nas intenções de voto, apontando chances concretas de que ele vá para o segundo turno.
Questionado sobre o clima da eleição para a prefeitura de São Paulo, o ex-presidente fez uma exortação, segundo ele, a todos os candidatos. “Não são as ofensas que vão decidir o voto do eleitor, é o que o candidato irá mostrar que pode fazer pelo cidadão”, disse Temer. Correligionário de Temer e pretendente à reeleição, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem caído nas pesquisas. No levantamento publicado pela Quaest na última quarta, 28, o emedebista tem 16,7% das intenções de voto, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) tem 25,4% e Marçal, 36,3%.
“O Brasil precisa fazer coincidir a Constituição formal com a Constituição real”, disse Temer. Ele foi homenageado em um evento da Associação de Procuradores do Estado de São Paulo, na capital paulista, quando fez as considerações. Temer começou a sua carreira jurídica como procurador — função também já desempenhada, por exemplo, pela ministra Cármen Lúcia e pelo presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso. O presidente da entidade, José Luiz Souza de Moraes, congratulou Temer pelo seu trabalho na “construção de um país mais justo e mais próspero”.