‘Totalmente descabida’, afirma defesa de Bolsonaro sobre operação da PF
Alexandre de Moraes dá prazo de 24h para ex-presidente entregar passaporte; ex-ministros também estão entre os alvos

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) protestou contra a operação da Polícia Federal deflagrada nesta quinta-feira, 8, que tem o ex-presidente e aliados como alvos. “Mais uma operação totalmente descabida”, afirmou a VEJA o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten.
Para Wajngarten, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de confiscar o passaporte de Bolsonaro não tem justificativa, já que o ex-presidente não tem nenhuma intenção de viajar ao exterior e que havia comunicado às autoridades com antecedência na última vez que deixou o país — ele visitou a Argentina em dezembro do ano passado para comparecer à posse do presidente Javier Milei.
Pelas redes sociais, o advogado confirmou que Bolsonaro cumprirá a ordem de entregar seu passaporte e que o ex-presidente ordenou a um auxiliar, alvo da mesma operação, que voltasse do Rio de Janeiro para Brasília.
https://twitter.com/fabiowoficial/status/1755562400143610190
Além de Bolsonaro, a Polícia Federal realiza buscas contra o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Anderson Torres (Justiça); e os ex-assessores do ex-presidente Marcelo Câmara e Tércio Arnaud. Ao todo, a operação cumpre quatro mandados de prisão preventiva, 33 mandados de busca e apreensão e 48 medidas cautelares contra mais de vinte alvos.
Investigações sobre 8 de janeiro
Bolsonaro, Valdemar e os ex-ministros são investigados pela PF no âmbito do inquérito que apura os responsáveis pelos atentados de 8 de janeiro, em Brasília, quando apoiadores do ex-presidente invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes. Moraes é o relator das investigações no STF.
O coronel do Exército Marcelo Câmara teve o celular apreendido pela polícia. Um dos assessores mais próximos do ex-presidente, ele atuava na equipe do tenente-coronel Mauro Cid, que é investigado por uma série de denúncias relacionadas a Bolsonaro, incluindo o caso da venda das joias sauditas.
Já o ex-assessor Tércio Arnaud Tomaz é apontado como um dos chefes do chamado “gabinete do ódio”, grupo suspeito de atuar dentro do Planalto coordenando a disseminação de fake news e ataques a opositores do governo bolsonarista. Ele é um dos alvos que foram presos preventivamente, sob mandado expedido por Moraes.