Um dos políticos mais poderosos de SP, Milton Leite anuncia aposentadoria
Presidente da Câmara Municipal não registrou candidatura e daixará a Casa após sete mandatos consecutivos

Um dos políticos mais influentes da cidade de São Paulo, o “eterno” presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), anunciou sua “aposentadoria” como vereador, após sete mandatos. Seu nome não consta na lista do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que relaciona os candidatos a vereador por São Paulo.
Em uma postagem feita nas redes sociais nesta sexta-feira, 16, Leite diz que “chegou a hora” e anuncia o apoio a dois nomes que concorrem ao Legislativo municipal “porque o trabalho quer continuar e deve continuar”, afirmou.
“Chegou a hora da aposentadoria do Miltão como vereador”, afirmou Leite, na postagem. “Mas, nada de tristeza! Porque o trabalho tem que continuar e deve continuar”, completa, antes de anunciar apoio aos candidatos Silvinho e Silvão Leite, dois de seus assessores. Silvão Leite usará o sobrenome do padrinho político na urna mesmo tendo ele na carteira de identidade.
O apoio de Milton Leite é um importante ativo para candidatos da cidade. Seu capital político não só lhe garantiu a permanência na Câmara municipal desde 1997, e onde exerce forte influência sobre os demais vereadores, como ajudou a eleger seus dois filhos, Milton Leite Filho como deputado estadual e Alexandre Leite como deputado federal. A família também controla os diretórios estadual e municipal do União Brasil. Em São Paulo, tem forte influência principalmente nas regiões periféricas da cidade.
Quem acompanha os trabalhos da Câmara afirma que nada anda sem a anuência de Leite. À frente da Câmara paulistana, exerceu forte influência sobre o Executivo municipal, sempre na posição de aliado do governo de ocasião, seja ele de direita ou de esquerda.
O mais recente teste foi neste ano, quando os metroviários ameaçaram fazer uma greve geral que poderia atrapalhar os planos de reeleição do prefeito Ricardo Nunes. Leite chamou os envolvidos na discussão e articulou um acordo que evitou a paralisação.
Sinais
Desde o início do ano, Milton Leite vinha dando sinais de que não pretendia concorrer a mais um mandato na Câmara municipal. Seu plano inicial era sair como candidato a vice de Nunes.
Em abril, quando o prefeito anunciou que faria uma viagem, Leite afirmou que não assumiria interinamente a prefeitura porque estava em campanha para a vaga de vice-prefeito na chapa à reeleição do emedebista.
As negociações com o prefeito, no entanto, não prosperaram. Interessado no voto bolsonarista, Nunes fechou acordo com o PL e indicou o ex-comandante da Rota, Ricardo Mello Araújo, indicado do ex-presidente Jair Bolsonaro, como vice.
O anúncio, feito no final de junho, enfureceu Leite, que chegou a ameaçar uma ruptura. Naquele momento, o deputado federal Kim Kataguiri ainda alimentava a esperança de lançar candidatura própria à prefeitura pelo União.
No início de julho, Milton Leite fez chegar à imprensa que a relação com o prefeito estava “péssima”. Após uma conversa com o prefeito, que envolveu a oferta de duas secretarias, uma delas a ser criada, num eventual segundo mandato de Nunes, Leite recuou e manteve o apoio do partido à campanha à reeleição.
Procurado, Milton Leite não disse o que pretende fazer após o encerramento de seu mandato, no final do ano. Ao ser questionado sobre o assunto, disse que estava muito ocupado tratando do envio de recursos do partido para o estado, para financiamento das campanhas.