Campos Neto pode virar “ex-presidente em exercício” do BC, após indicação
Se de fato acontecer a indicação do atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, ainda neste mês, diz fonte

Ao que tudo indica, o atual diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, deve ser indicado pelo presidente Lula, até o fim deste mês, para comandar a instituição. Roberto Campos Neto, desafeto do petista, deve se tornar um “ex-presidente em exercício”, segundo uma fonte do governo ouvida pela coluna.
O nome de Galípolo, caso seja de fato indicado, ainda precisaria passar pelo Congresso, mas a expectativa é de que seja aprovado. O ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda só assumiria em 2025, então, até lá, a atuação de Campos Neto perderia protagonismo no BC.
O ex-número 2 de Haddad tem feito a lição de casa para acalmar o mercado. Galípolo adotou um tom mais duro em relação à política monetária para sinalizar que sua condução se pautaria pelo rigor técnico. Nesse sentido, ele voltou a afirmar que todos os diretores do Banco Central estão dispostos a elevar a Selic “sempre que necessário” para atingir a meta da inflação de 3%.
Nos dois últimos encontros, a autarquia se decidiu de forma unânime pela manutenção dos juros em 10,5% ao ano. O cenário externo e o aquecimento do mercado de trabalho na perspectiva doméstica têm indicado que a Selic pode aumentar na próxima reunião do Copom, marcada para os dias 17 e 18 de setembro.
O temor do mercado à indicação de Lula para comandar o BC vem das recorrentes declarações do presidente contra o patamar elevado da taxa básica de juros e a uma possível interferência do governo na condução da política monetária, mesmo que a instituição tenha autonomia.
A escolha do nome de Galípolo pode ser anunciada a qualquer momento. Lula deve pedir ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para que paute a sabatina no esforço concentrado que o Congresso fará antes das eleições municipais.