O presidente Lula acabou gerando mais dúvida econômica em um dia de comemoração na área social.
O tão aclamado Bolsa Família volta a ser um programa com todas as condicionantes que tem de ter, como manter as crianças na escola, vaciná-las, saber para quem está repassando o dinheiro, ter foco nos mais pobres, ser um projeto para a promoção social de brasileiros em situação de pobreza. O país estava precisando disso.
O Auxílio Emergencial não tinha critério. Tanto é assim que se encontraram inúmeras pessoas que não precisavam receber o benefício, como muitos dos amotinados na porta dos quartéis ou aquele empresário que negou cesta básica a uma eleitora de Lula. Os casos de desvio de finalidade são impressionantes nos “auxílios” que Bolsonaro distribuiu.
Agora, um dos mais bem avaliados programas sociais do mundo volta e aperfeiçoado, melhorando técnicas e com a mesma metodologia da política social.
É natural que Lula – até por sua trajetória de vida – esteja inquieto com a economia.
Quando você analisa o PIB divulgado hoje, de 2,9% em 2022, o dado que incomoda é o do último trimestre do ano, quando o país teve uma queda de 0,2% no PIB. O presidente já começou seu terceiro mês de mandato vendo o país diminuir e desacelerar fortemente.
Lula quer que a economia cresça. Até aí, tudo bem. É o papel de um bom presidente. E Lula já fez isso pelo Brasil, com excelentes escolhas após o bom mandato na economia feito por Fernando Henrique Cardoso.
Mas o presidente quer que o país cresça de um modo que já deu errado no passado.
“Se o Governo Federal não investir dinheiro como indutor do crescimento, nada vai acontecer”, disse Lula, defendendo mais intervenção estatal na atividade econômica, como mostrou o Radar.
“A Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, BNB, o Basa, o BNDES, pode ter certeza que vão voltar a investir dinheiro para gerar emprego, gerar desenvolvimento e gerar a distribuição de renda efetiva para esse país”, disse o presidente.
Lula – isso é só uma sugestão – poderia escolher criar as condições para que o setor privado também invista e – aí, sim – as estatais possam ajudar com novos investimentos.
São parte do conjunto da economia, dos agentes econômicos.
No passado, o caminho que Lula defende gerou muita distorção na economia. Gasto de dinheiro em projetos que foram depois abandonados ou não deram certo. Houve muito erro econômico nesse voluntarismo de colocar todas as estatais para investir, com a promessa de isso fazer o crescimento.
O que faz o crescimento não é isso.
A boa notícia – volto a dizer – é uma política social cada vez mais correta, socialmente falando. É assim que se faz uma política de combate à pobreza. Um novo Bolsa Família, que inclusive vai destinar mais dinheiro para as crianças.
Na política econômica, contudo, Lula continua namorando o passado, querendo fazer o que já foi feito, e que provocou erros graves.