Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Imagem Blog

Matheus Leitão

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
Continua após publicidade

A história de censura e liberação do livro de Marighella 

Como o livro do ex-deputado e guerrilheiro foi proibido de circular na França na década de 70

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h22 - Publicado em 9 nov 2021, 11h03

O livro Pour la libération du Brésil, escrito de próprio punho por Carlos Marighella, teve a circulação, distribuição e venda proibidas na França após a publicação de portaria do Ministério do Interior de fevereiro de 1970, fundamentada em um decreto de 1939.

O pior deste caso de censura é que o decreto da década de 30 integrava, originalmente, a legislação excepcional estabelecida em função das necessidades de defesa nacional, às vésperas da II Guerra Mundial. Quanta incoerência pode caber neste mundo?

A descoberta da documentação é do historiador Paulo César Gomes, editor do site www.historiadaditadura.com.br. Como bom pesquisador, encontrou os documentos em arquivos do Itamaraty e do ministério dos negócios estrangeiros na França.

Paulo César Gomes contou à coluna que “a proibição teve significativa repercussão na imprensa francesa e foi vista como uma vitória pelo governo brasileiro”.

Foi mesmo. A documentação mostra um telegrama, reproduzido nesta página, da embaixada do Brasil em Paris, à época comandada por Olavo Bilac Pinto, um direitista da UDN que fez carreira política apoiando o golpe de 1964.

Continua após a publicidade

O embaixador Olavo Bilac Pinto foi deputado por várias legislaturas e acabou indicado pelo regime a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na embaixada da França, onde ficou de 1967 a 1970, comemorou, num telegrama, a proibição do livro de Marighella, em 20 de março deste último ano, para a secretaria de Estado da ditadura.

Embaixador Olavo Bilac Pinto informa a ditadura sobre a proibição do livro de Marighella
Embaixador Olavo Bilac informa a ditadura sobre a proibição do livro de Marighella (Paulo César Gomes/Reprodução)

“Remeto, em anexo, cópia da Portaria Ministerial de 25 de fevereiro último, pela qual fica interdita a circulação, distribuição e venda do livro Pour la libération du Brésil, de Carlos Marighella”.

Continua após a publicidade

A alegria do regime ditatorial brasileiro durou pouco. O historiador Paulo César Gomes mostra que o Comitê Francês Europa-América Latina se levantou em defesa da obra. Tinha o apoio de diversas organizações de esquerda e já havia se destacado quando protestou contra a interdição.

Foi então que, em julho de 1970, explica Paulo César Gomes, “23 editores franceses se reuniram e decidiram publicar a obra sob a justificativa de que, embora não concordassem integralmente com o conteúdo do texto, não podiam admitir que, em um período democrático, o poder público pudesse interditar a circulação de um livro estrangeiro sem solicitar previamente autorização à Justiça”.

Bingo. Vitória de Marighella e derrota dos direitistas e fascistas da época. Marighella, o filme brasileiro de Wagner Moura, estreou nos cinemas nos últimos dias depois de um longo imbróglio com a Ancine, que também teve acusações de censura.

A obra é inspirada no livro “O guerrilheiro que incendiou o mundo”, do competente jornalista Mário Magalhães.

Continua após a publicidade

VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.