A intervenção não declarada no Rio de Janeiro – feita pelo governo federal após os ataques da milícia à zona oeste da cidade, nesta segunda, 23 – tem poucas chances de dar certo.
Sim, repito: intervenção não declarada no estado.
Até porque, ao fim e ao cabo, a ida do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, para lá, trata-se disso: de tentar fazer o que o governador, Cláudio Castro, não consegue resolver.
Os últimos números divulgados pela Fogo Cruzado são assustadores. Segundo a ONG, 50% da área territorial da “Grande Rio” está sob o domínio das milícias – que superou o tráfico. As áreas dominadas pelos milicianos ainda cresceram 387% em 16 anos.
Nesse período, o governo do Estado passou por políticos como Sergio Cabral, Pezão, Witzel e o próprio Castro, com partidos de centro, como o MDB, de direita, como PSC, e que engloba extrema-direita, como o PL.
Deu certo? Não. Piorou? Sim.
Isso quer dizer que a esquerda, então, resolveria o problema? De forma alguma. O PT foi o partido que mais esteve à frente do governo federal, e nada melhorou também.
Rio de Janeiro é uma área de guerra conflagrada. Como publicado pela coluna neste mês, apenas em um dia 17.730 crianças ficaram sem ir às escolas por conta do crime organizado. Dessas, 13.946 são do Complexo da Maré.
O governo federal, aliás, tem uma grande agenda nesta quarta, 25, na comunidade, com a participação da presidência e dos ministérios da Justiça, Saúde, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
Também não deve resolver, nem mesmo a questão da favela da Maré.
Uma intervenção oficial está descartada – inclusive, a última, comandada pelo general Braga Netto, terminou sem resolver o problema da violência no Estado.
Mas o governo Lula enviou o Ricardo Cappelli, de toda forma, para isso.
Só não formalizam porque a intervenção é tratada com uma coisa mais agressiva, que já não deu certo, e paralisa algumas ações do Congresso Nacional, como aprovação de emenda constitucional.
Ou seja, suspendem-se as emendas constitucionais quando há uma intervenção oficial numa das unidades da federação. Em Brasília, ninguém quer isso.
E no Rio, Witzel acabou com a secretaria de segurança, dividindo-a em várias, e o Cláudio Castro não a restabeleceu.
É assim, de governo em governo estadual, de governo em governo federal, que nada melhora no Estado. E, volta e meia, a milícia mostra quem realmente manda na cidade maravilhosa e na região que a acolhe.