Não é a primeira vez, nem a segunda, que Lula se aproxima de Jair Bolsonaro.
Mas, desta vez, o presidente da República conseguiu se superar. Foi pela indústria bélica.
A comunidade científica brasileira assina carta, divulgada nesta terça, 28, na qual se mostra incomodada com a liberação de verbas milionárias para a Taurus, fabricante de armas que teve faturamento, lucro e valorização recorde no governo anterior.
“Grande parte da comunidade científica e acadêmica demonstrou inquietação e incômodo ao receber a notícia que uma empresa de porte, fabricante de armas, conseguiu a aprovação de um projeto submetido à Finep para captar cerca de 178 milhões de reais”, diz o texto da Academia Brasileira de Ciências e de outras oito entidades do setor.
O pito certeiro da comunidade científica brasileira não termina por aí.
“É necessário rever uma estratégia voltada para um segmento da indústria bélica brasileira, mais notadamente fabricante de armas, porque ela não condiz com os discursos e a postura política do novo governo.”
Não condiz mesmo. É assustador que, mesmo após os quatro anos do governo Bolsonaro, ainda se tenha que falar o óbvio, como bem disseram os cientistas, descontentes também com o atraso das nomeações no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
A semana de Lula já havia começado ruim, com Paulo Coelho chamando o novo mandato de Lula de “patético”. “Não devia ter me empenhado na campanha. Perdi leitores (faz parte) mas não estou vendo meu voto ter valido a pena”, disse o escritor, que apoia o petista há décadas.
O estrago está sendo feito, mas ainda pode ser reparado.
Já basta ter aceitado ministros ligados à milícia carioca, como comentado aqui na coluna, e depois espalhar ódio, se aproximando do líder da extrema direita. Agora, quando a ciência grita, depois da era negacionista que nos assolou, Lula deveria parar, escutar e mudar a rota de seu governo.