Duplamente considerado inelegível pela Justiça, Jair Bolsonaro resolveu reagir e alfinetar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes.
O ex-presidente esteva em Santos para a entrega de viaturas ao 6º Grupamento de Bombeiros da cidade e disse que está sendo perseguido politicamente pelo magistrado.
“É o que eu costumo dizer: você briga em casa com sua esposa e vai recorrer para a sogra? A gente está vendo qual a estratégia nossa, se bem que não tem estratégia. Estratégia é o que o Alexandre de Moraes quer. E a gente sabe o que ele quer. É me alijar da política. No momento, ele [Moraes] está tendo vitória, mas tudo nessa vida é dinâmico”, afirmou o líder da extrema-direita brasileira.
Jair Bolsonaro parte para o ataque, mas não faz um mea culpa sobre seu vergonhoso comportamento como presidente, seja na reunião com embaixadores, seja no bicentenário da Independência.
Sim, vergonha é a palavra.
Perante diplomatas de diversos países, o ex-presidente foi capaz de repetir conhecidas mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro, desacreditando-o perante o mundo. Para isso, usou a TV Brasil, uma emissora estatal, como indutora de fakenews.
No 7 de Setembro, foi ainda pior.
Instrumentalizou as Forças Armadas – que de inocentes não tem nada – para seu projeto eleitoral enquanto gritava “imbrochável” de um palanque montado em Copacabana, Rio de Janeiro, seu berço político.
Alexandre de Moraes está mais que certo ao afirmar que “seria uma ofensa à inteligência” não ver as irregularidades cometidas por Bolsonaro. Alias, o ministro até disse isso também: “só não enxerga quem não quer”.
“Seria quase uma ofensa à inteligência o palanque ser a quase 300 metros do evento oficial. No momento em que subiu para fazer o palanque, os aviões da FAB ainda se apresentando. As Forças Armadas adulando um candidato à sua própria reeleição, lamentavelmente. Não há nenhuma dúvida quanto à prática de abuso de poder político”.
Não, não há dúvida. O que há é a certeza de que a impunidade nos dois casos faria muito mal ao Brasil.