O ex-presidente Lula é o único que criou uma frente ampla de partidos, batizada pela nova legislação eleitoral de federação, juntando sete das mais diversas agremiações políticas.
O ex-presidente Lula é o único candidato relevante com um vice, e não é qualquer um, e sim Geraldo Alckmin, importante quadro político brasileiro, quatro vezes governador de São Paulo.
O ex-presidente Lula é o único com uma programação de eventos partidários que vai até junho, envolvendo legendas como o Solidariedade, PSB, PSD e o PSOL, ou seja da centro-direita brasileira à esquerda.
Mas, ainda assim, é o único candidato que vive uma “crise de comunicação” em sua pré-campanha, segundo tem sido divulgado e propagado nos últimos dias. Há um exagero ululante, e o PT, nos bastidores, tem avaliado da mesma forma, segundo informado à coluna.
O partido reconhece o erro em relação ao tema do aborto – esse, sim, um problema real que gerou ruído -, mas é fato também que Lula tem mantido sólidos números nos mais variados institutos de pesquisas, que o colocam próximo do melhor patamar já conseguido em um primeiro turno: 45%.
Ou seja, não é pouca coisa conquistada por uma campanha que vive um bombardeio, antes mesmo da campanha em si de fato começar.
Nos últimos dias, Lula manteve atos públicos com MST, em Londrina, MTST, em Santo André, indígenas em Brasília, estudantes na UERJ e centrais sindicais – isso, ao lado do novo socialista Alckmin e para o mercado financeiro ver.
Aliás, a chapa foi aprovada por 81% do Diretório Nacional – algo inimaginável há 2 meses atrás, quando surgiram as primeiras informações concretas da negociação política. Lula ainda resolveu a crise com Paulinho da Força em 48 horas.
Além dos sete partidos que o apoiam oficialmente, o ex-presidente tem apoios de peso no MDB, sempre importantíssimo na formação de palanques nos estados e municípios, e no PSD de Gilberto Kassab. Jantou com 17 senadores (MDB, Rede, PSD, PSB).
Se estiverem pensando que isso é uma informação petista enviesada, basta você, leitor, olhar para o lado e analisar os últimos momentos dos concorrentes de Lula e suas candidaturas.
Jair Bolsonaro está cada vez mais nas mãos do Centrão, e distante de seu falacioso discurso raiz da nova política. Não arrumou um vice até agora, que pode variar de um general a uma evangélica.
Além disso, o atual presidente vive o drama eleitoral de ver a inflação alta, a economia patinando e os preços dos combustíveis na estratosfera.
Sim, Bolsonaro tem se recuperado de forma surpreendente nas pesquisas, mas parece desesperado tentando intervir na Petrobras, por exemplo. Um movimento político que claramente não deu certo.
Ciro Gomes, o curioso terceiro colocado que não consegue entrar na terceira via, é o único com marqueteiro contratado há um ano, 356 dias, mas não cresce um milésimo – ou 0,1 porcento – nas pesquisas.
João Doria começa a mostrar tímidos sinais de recuperação, mas testemunha o PSDB virar o MDB na sua frente, com uma guerra interna quase intransponível liderada por Eduardo Leite (leia-se Aécio Neves). Em tempo: candidatos da chamada terceira via tem desistido aos montes.
Lula pode até vir a ter problemas mais graves nos próximos meses – dois de seus comunicadores andam às turras -, mas não é o petista que vive uma crise interna ou externa na proporção que tem sido propagada.
Venhamos e convenhamos, essa avaliação veste melhor o atual momento dos seus concorrentes.