Num movimento importante às vésperas do primeiro turno das eleições, Lula reuniu oito ex-candidatos à presidência nesta segunda, 19, para demonstrar união e força em torno da sua candidatura.
Estavam com o petista Guilherme Boulos (PSOL), Luciana Genro (PSOL), Cristovam Buarque (Cidadania), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSB), Fernando Haddad (PT), Henrique Meirelles (União Brasil) e João Goulart Filho (PCdoB).
Em um recado claro ao presidente Jair Bolsonaro, os nove políticos sentados à mesa deixaram de lado as diferenças ideológicas em prol de algo maior: a defesa da democracia. Só um líder de um grupo político com ideias extremistas seria capaz de provocar isso.
Com discursos que ressaltaram a importância de se unir num momento crucial para o país, os ex-presidenciáveis reconheceram a necessidade de reconciliar o povo brasileiro consigo mesmo e com as instituições.
Boulos, por exemplo, destacou a importância de superar as diferenças neste momento.
“Todos conhecem as nossas diferenças aqui na mesa, elas são públicas. Essas diferenças, por mais expressivas que sejam, elas são menores nesse momento histórico do que aquilo que nos une para preservar a democracia brasileira”, afirmou.
Como a coluna mostrou, o apoio de Marina Silva já tinha sido um divisor de águas na campanha de Lula.
É bem provável que a reaproximação com Marina, ex-ministra de Lula, fez outros dois ex-ministros do petista também se sentirem motivados a se unir: Cristovam e Meirelles estavam no evento declarando apoio a Lula.
Marina também enfatizou a importância de se unir para vencer algo mais forte que está em jogo.
“Existem momentos na história em que a gente percebe que existe algo muito forte em jogo, que é a banalização do mal”, afirmou a agora candidata a deputada federal por São Paulo.
Num momento em que Bolsonaro viajou ao exterior e tenta articular uma união da extrema direita internacional, o evento desta segunda se torna ainda mais simbólico. Deixa claro que o presidente brasileiro é um extremista e está isolado.
Em outra atitude respeitável, os nove políticos no encontro de hoje não condenaram as candidaturas de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB). Segundo as pesquisas, os dois têm chances mínimas de disputar um eventual segundo turno e, por isso, Lula tem ido atrás do voto útil. Apesar da estratégia, não houve ataques aos dois candidatos que tentaram se posicionar como uma terceira via.
Nesta segunda, Lula conseguiu unir representantes de centro-direita, de centro-esquerda e da esquerda mais radical. A frente ampla prometida pelo ex-presidente ganha mais uma confirmação na reta final da disputa e pode ser a decisão que faltava para o petista vencer a eleição no dia 2 de outubro.