O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, general da ativa do Exército, envergonhou as Forças Armadas nesta quarta, 11, ao participar de um ato político – a 48ª Edição da Expoingá, em Maringá – ao lado do presidente, Jair Bolsonaro. Isso porque, ele, o presidente, mais uma vez tentou ferir a democracia brasileira.
A exposição é tradicional – uma feira agropecuária, industrial e comercial no interior do Paraná, a 460 quilômetros de Curitiba – e não tem nada com isso. Mas Bolsonaro, no seu ideário de vida golpista, transformou o evento num ato contra outros poderes – no caso, a Justiça Eleitoral.
“Somente os ditadores temem o povo armado. Eu quero que todo cidadão de bem possua sua arma de fogo para resistir, se for o caso, à tentação de um ditador de plantão”, afirmou o presidente, antes de colocar em dúvida novamente a idoneidade do sistema eleitoral, dizendo que “sabe o que está em jogo” e que seu governo não aceita provocações.
Estamos nos acostumando como país a ouvir os impropérios do presidente contra o estado de direito, mas não podemos aceitar que o ministro da Defesa – um general do Exército da ativa – participe de um evento que virou uma mancha na democracia.
O presidente afirmou não temer o resultado de “eleições limpas”. “Nós queremos eleições transparentes, com a grande maioria, ou diria a totalidade do seu povo”, disse, como se o sistema eleitoral, a Justiça e as urnas fizessem parte de um complô para tirá-lo do poder – complô esse que a imprensa, segundo ele, também faz parte.
Bolsonaro sabia da importância e do significado de estar com um general da ativa ao seu lado: “Tenho presente comigo o atual ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, e o meu último ministro da Defesa, o general Braga Netto, que bem sabem a importância que uma nação bem armada é uma forma de evitar qualquer interesse externo sobre a sua pátria”.
O presidente também fez questão de dizer que essas armas que ele tanto defende nas mãos de civis poderiam ajudar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica a lutar contra o comunismo. O papo parece ser de um lunático, mas não é. Trata-se de uma estratégia política baixa usada pela extrema-direita ao redor do mundo.
O problema já extrapolou o governo do atual presidente extremista e chegou na caserna, mais precisamente nos quartéis. Isso, à medida que os generais da mais alta patente se deixam usar politicamente desta forma, manchando a imagem de instituições de Estado que, desde 1985, ao final da ditadura militar, se afastaram corretamente da política partidária.
Outros generais já se deixaram usar assim, como Eduardo Pazuello, Luiz Eduardo Ramos e Fernando Azevedo e Silva. Contei na coluna há quase dois anos. Agora, a vergonha está com Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o novo general que se deixa pintar, usando as Forças Armadas brasileiras, por um lado político da polarização que divide o país.