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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A pedra no caminho de Pacheco 

Presidente do Senado tenta colar imagem de conciliador para disputar eleições, de um novo JK, mas o caminho é longo, longo, longo

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 out 2021, 17h27
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  • Conciliador, fazedor, capaz de negociar uma frente ampla. Essas eram características marcantes do falecido ex-presidente Juscelino Kubitscheck, que ocupa um lugar único na história do país.

    JK era tão único que foi enterrado ao som de uma canção que está enraizada na cultura brasileira: “como pode um peixe vivo viver fora da água fria…”. Ele gostava de roda de viola, que terminava sempre com alguma modinha romântica como Peixe Vivo.

    De olho no legado dos grandes políticos da história do país, vários candidatos buscam ser uma opção de terceira via, mas uma figura deu o primeiro passo hoje para buscar esta áurea do JK.

    Ao se filiar ao partido PSD nesta quarta, 27, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, escolheu a dedo o lugar, o Memorial JK, numa referência óbvia. Lá, falou das qualidades do estadista: “sonhador, otimista, trabalhador”. Pacheco se apresenta como uma opção de centro na disputa eleitoral de 2022.

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    Os articuladores da candidatura, Gilberto Kassab à frente, querem colar em Pacheco as características que eram de JK numa busca por votos e por espaço. E querem lembrar a moderação do ex-presidente numa época de política muito crispada.

    De fato, Pacheco faz parte dos moderados. É presidente do Congresso Nacional e, apesar de ter evitado confrontos diretos com o presidente Jair Bolsonaro, conseguiu se posicionar em certos momentos contra arroubos num jeito “mineiro” de fazer política. Ele não nasceu em Minas ( e sim em Porto Velho, Rondônia), mas lá fez carreira e absorveu a mineiridade.

    Um bom exemplo é a CPI da Covid-19. Ele tentou evitar, e só cedeu quando foi determinado pelo Supremo. Seis meses depois, os agradecimentos do presidente, vice-presidente e do relator da CPI, com diversos afagos, mostram que ele soube, mineiramente, sair da posição em que estava e aderir ao trabalho vencedor da CPI.

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    Todos dizem que o presidente do Senado deu à CPI todas as condições possíveis para trabalhar. Mesmo assim Pacheco tem uma longa caminhada para ser um JK. Quase improvável.

    Apesar do esforço em emplacar Pacheco como um novo conciliador, é difícil demais que ele tenha forças na corrida do próximo ano. A eleição de 2022, ao que tudo indica, deve ser mais uma disputa polarizada entre quem defende a esquerda e quem defende a direita. No fim, a tendência é de que o centro seja esmagado como aconteceu nos últimos anos.

    Mas esse é o quadro de hoje, outros atores podem mudar o rumo do tabuleiro. E embora Pacheco queira fazer seu nome como um grande político, esta coluna já apontou que, se o ex-presidente Lula vencer a eleição e fizer um governo sem rancor – também algo árduo (risos) –  ele é que vai ficar marcado como o maior político da história.

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    Quanto a isso, não há nada que Pacheco possa fazer. A não ser, claro, esperar. É bom lembrar que Pacheco tem apenas 44 anos.

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