
Vergonhosamente, o PT, de Lula, se uniu ao PL, de Jair Bolsonaro. E vice versa.
Mas se você acha, leitor, que a aliança surgiu de alguma pauta fundamental para o país, a ponto de petistas e bolsonaristas se esquecerem momentaneamente das enormes diferenças que os colocam em lados opostos da arena política, está muito enganado.
É apenas para bem deles, como mostraram os jornalistas Ranier Bragon e João Gabriel.
Nesta quarta, 20, Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Jilmar Tatto (PT-SP) se juntaram a Bia Kicis (PL-DF) e Filipe Barros (PL-PR) pela defesa da PEC da Anistia, que concede o maior perdão de dívidas a partidos políticos, flexibilizando também as cotas eleitorais para negros e mulheres, uma pauta progressista.
Os quatro discursaram afinados na comissão especial da Câmara sobre o tema. E estão aliançados não só na questão do perdão de punições – multas, por exemplo, e suspensão de recursos – que somam R$ 20 bilhões.
Tudo, por irregularidades nas prestações das contas partidárias, seja no período eleitoral ou não.
Como se o tema já não fosse o suficiente para corar o rosto, Gleisi Hoffmann resolveu usar o microfone para atacar a justiça eleitoral em um discurso muito parecido com o feito regularmente por bolsonaristas.
Disse que é um “absurdo” que existam cortes eleitorais no Brasil, uma exceção no mundo: “[entram] sistematicamente na vida dos partidos políticos, querendo dar orientação, interpretando a vontade de dirigentes, a vontade de candidatos”.
Tudo que o ex-presidente inelegível gostaria é que não houvesse uma Justiça Eleitoral no Brasil para cassar seus direitos políticos. E ele, assim como Gleisi, deixou isso muito claro ao longo do seu mandato.
Mas, segundo a presidente do PT, o buraco ainda é mais embaixo.
Para ela, as multas aplicadas a partidos por tribunais regionais eleitorais e pelo TSE são impossíveis de serem pagas, inexequíveis. “Não tem como pagar, nós não temos dinheiro”.
Mas nós temos, contribuintes. Nós temos.