O legado do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi rejeitado pela segunda vez seguida por seu principal nicho de influência, os advogados. Neste domingo, o grupo de Ibaneis perdeu a eleição para o comando da seção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), instituição que ele presidiu e onde começou a se arriscar na vida política. Mais uma vez, quem venceu foi Délio Lins e Silva, do grupo do advogado Francisco Caputo, também ex-presidente da OAB-DF.
O resultado consolida a derrocada de Ibaneis dentro de sua profissão. Ele chegou a integrar a diretoria nacional da OAB, como secretário-geral-adjunto. Nessa posição, em 2018, tentou se viabilizar como candidato a presidente nacional da Ordem, mas não obteve sucesso. Depois dessa derrota, confirmou sua entrada na política partidária.
A reeleição do advogado Délio Lins e Silva Jr. como presidente da OAB-DF impôs uma derrota para a candidata abertamente apoiada pelo governador, Thaís Riedel. Na eleição de 2018, o candidato do então governador eleito era Jacques Veloso, que também perdeu.
Bolsonaro e investigações
Durante a pandemia, Ibaneis se notabilizou por divulgar vídeos de churrascos em sua mansão. Em um desses eventos, quando as mortes por Covid-19 cresciam de forma vertiginosa, ele recebeu para uma festa o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o cantor Zezé Di Camargo, assim como ele apoiador de Jair Bolsonaro.
Novato na política, Ibaneis já coleciona escândalos em seu governo. Seu secretário de Saúde Francisco de Araújo Filho foi preso em agosto de 2020 por suspeita de fraude em compras relacionadas à pandemia. Já o secretário de Projetos Especiais, Everardo Gueiros, foi citado na denúncia da operação que investigou a Fecomércio do Rio de Janeiro. Outros integrantes do governo próximos ao governador também foram alvos de medidas como buscas e apreensões.
Outra polêmica na ficha do governador ocorreu em 2018, quando seu apadrinhado e então presidente da OAB-DF Juliano Costa Couto foi denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção ativa e lavagem de dinheiro no caso da JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista.