O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, perdeu a chance de fazer uma bela homenagem às mulheres nesta terça, 8. Durante discurso em seminário no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Aras disse, de forma bizarra e infeliz, que a mulher pode escolher a cor da unha que vai pintar e do sapato que vai usar.
“Esse dia é um dia de homenagem à mãe, às filhas. É um dia de homenagem à mulher. À mulher no seu sentido mais profundo, da sua individualidade, da sua intimidade. À mulher que tem o prazer de escolher a cor da unha que vai pintar. À mulher que tem o prazer de escolher o sapato que vai calçar”, disse o PGR.
O procurador poderia fazer tantas analogias e falar de uma infinidade de qualidades, mas limitou-se a falar de unha e sapato, como se as mulheres ainda estivessem presas somente a isso. É lamentável que uma autoridade no país use seu tempo de discurso para falar de forma tão pequena sobre mulheres.
Tão lamentável quanto fazer um evento em homenagem às mulheres apenas com a participação de homens. A atitude infeliz de Aras acompanha outras atitudes infelizes que ele já teve durante seu mandato.
Escolhido por Jair Bolsonaro fora da lista tríplice, Aras já deu muitos sinais de que é alinhado ao presidente. Como esta coluna já mostrou algumas vezes, Aras ignora absurdos e, embora tenha tomado algumas decisões surpreendentes nos últimos meses, ainda faz vista grossa para o comportamento do presidente.
Com o discurso desta terça, Aras mostra que é alinhado ao presidente em outra coisa: faz discursos infelizes em momentos importantes e não tem nenhuma habilidade para falar sobre mulheres.
Minha percepção é que elas estão dizendo de forma contundente que não abrem mão de decidir seus destinos e querem participar das grandes decisões nacionais.