Barraco no WhatsApp do partido de Bolsonaro é nova vergonha nacional
Ou… Bem-vindo à oposição, líder da extrema direita

Imaginem, eleitores, a seguinte cena insólita.
Adultos, com mandatos públicos – eleitos pelo voto para representarem parcelas grandes da sociedade -, sendo silenciados em um grupo de WhatsApp pelo administrador porque estavam brigando, xingando e acusando-se mutuamente.
Esse é o dia comum no Congresso Nacional brasileiro em 2023, ano em que 62,9 milhões de brasileiros são pobres e lutam para se alimentar.
O Brasil é um país de injustiças. Com isso, já nos acostumamos (e parecemos, em alguns momentos, anestesiados com elas).
Mas, aqui e acolá, parece que a ficha cai. Estamos fadados a uma coisa: ser surpreendidos com injustiças que nos ferem naquilo que nos é mais valoroso.
O caso da crise do WhatsApp no PL, partido de Jair Bolsonaro, é mais uma dessas tristes situações.
Enquanto um deputado escrevia que o colega de mandato deveria ser expulso do partido, cheguei a pensar se os parlamentares desse “virtuoso” (contém ironia) grupo não deveriam responder no Conselho de Ética.
E por quê?
O Brasil não precisa de mais disputa ideológica, e sim de medidas extremas para combater a fome em um país continental, com todos os partidos unidos em um só propósito: melhorar a vida dos mais necessitados.
Mas com a política não funciona assim e nunca funcionará: falemos dela como ela é.
A briga do WhatsApp do PL não é somente uma discordância sobre a reforma tributária. É mais profundo que isso. Trata-se de um sintoma de uma coisa muito maior.
É uma baita crise de identidade do partido – e da direita brasileira como um todo, que nunca soube ser oposição na história deste país.
Em meio ao desafio de aprender o que PT nasceu sabendo fazer, essa mesma direita sofreu sucessivos revezes. Entre eles, o mais importante: ter um ex-presidente inelegível por ser um golpista de carteirinha.
Pior: o mesmo Jair Bolsonaro não consegue demonstrar capacidade de liderança.
Ou vocês acham que, se tudo isso fosse no PT, o Lula não resolveria até que fosse consolidada uma posição comum entre os parlamentares do partido? Claro que faria.
Bem-vinda à oposição, extrema direita.