O presidente Lula resolveu esculhambar mais uma vez com o mercado financeiro, chamando-o de “dinossauro voraz que quer tudo para ele e nada para o povo”. O mandatário sentenciou: “Se eu atender apenas à choradeira do mercado, não [faço] nada”.
A declaração, que também poderia ser de um presidente da União Nacional dos Estudantes, a UNE, foi dada ao SBT e acontece no momento em que a Petrobras decidiu pelo não pagamento extras de dividendos aos seus acionistas, levando a estatal a uma crise.
Como resposta à declaração sobre o dinossauro sem coração, as ações voltaram a cair – levando a uma perda de mais de R$ 60 bilhões em valor. Tudo em meio à suspeita de uma nova intervenção política na Petrobras pelo PT.
Todas as vezes que a Petrobras foi administrada diretamente do Palácio Planalto, com a intervenção nas decisões do cotidiano da empresa, houve queda de valor de mercado, inclusive na “gestão liberal” de Jair Bolsonaro.
Nesta terça-feira, 12, contudo, as ações já operavam em alta enquanto, em Brasília, a tão esperada possibilidade de mudança de rumos do governo animava os políticos da base do Lula-3.
Entre as lideranças do governo no Congresso se destacava que, na entrevista ao SBT, o presidente assumiu que vê o governo ainda “aquém daquilo que [prometeu]” na eleição em que derrotou Bolsonaro. E, o mais importante: usará o resultado ruim do governo nas pesquisas “como instrumento de mudança da estratégia”.
Ora, Ora. Esse era o ponto mais importante para políticos, a grande comemoração entre parlamentares governistas.
Nem se dava atenção ao “dinossauro voraz” ou à crise na Petrobras. Na base, apenas se alegravam. E não com um fato qualquer. Mas com a simplicidade com que o próprio presidente assumiu que, do jeito que está, a esquerda voltará a perder terreno para a extrema-direita bolsonarista.