Política e futebol são assuntos que caminham juntos. Por ser o esporte mais popular no Brasil, e também no mundo, o futebol é usado, com frequência, por políticos que desejam ter um ganho de popularidade. Não é à toa, por exemplo, que as seleções campeãs da Copa são recebidas pelos chefes de Estado ou de governo em seus países.
Nos últimos anos, no entanto, o Brasil viveu algo inédito. O então presidente Jair Bolsonaro e seu governo fizeram um uso sistemático da imagem de alguns clubes e atletas para impor uma agenda antidemocrática.
Flamenguista fanático, fiquei triste obviamente com a derrota para o Fluminense na final do Campeonato Carioca. Ou para o Maringá, pela Copa do Brasil.
Mais me entristece, no entanto, o silêncio do Flamengo com relação à barbárie da qual o clube aceitou participar ao lado do ex-presidente.
Em um dos episódios mais lamentáveis dessa saga, o time campeão da Libertadores aceitou associar sua imagem à do candidato à reeleição bem no dia do segundo turno da eleição, 30 de outubro de 2022 (foto).
Jogadores de futebol têm o direito de opinar sobre o que quiserem, inclusive sobre política. Isso não se confunde com participar de um jogo de manipulação para impor uma agenda negacionista durante a pandemia, defender o armamento generalizado da população e fazer vistas grossas para erros e irregularidades de um governo, seja qual for.
(Ainda mais se o ex-presidente em questão for torcedor do Palmeiras e estiver usando um clube rival apenas para aparecer).
A dívida do Flamengo com o Brasil é um pedido de desculpas e urgente correção de rumos em seus posicionamentos políticos.