
Jair Bolsonaro tem provado do seu próprio veneno ao tentar enfrentar Pablo Marçal nas eleições municipais de São Paulo.
Recuando em seus próprios comentários após uma tentativa frustrada de isolar o candidato do PRTB na extrema-direita, o ex-presidente mostra-se agora contrário à suspensão das redes sociais do ex-coach.
A justificativa é “a luta pela liberdade de expressão”, mas isso já é um reflexo do que tem sido o novo calcanhar de Aquiles do bolsonarismo. Trata-se do “politicamente incorreto versus politicamente incorreto”.
Bolsonaro foi esculachado por Marçal de todas as formas no fim de semana. O ex-coach pediu uma “atitude de homem” do ex-presidente diante da fratura exposta da extrema-direita em São Paulo.
“Bolsonaro, nós lutamos por você. Não faz sentido você apoiar o [Ricardo] Nunes, que é um cara de esquerda. Você prometeu liberdade e está curvando sua cabeça. Acorda, capitão. Sua palavra com a gente vale menos do que sua palavra com o Valdemar? A única coisa que a gente não aceita de um cara vivo é covardia”, disse em live.
A estratégia populista de Marçal de tachar tudo e todos de comunista para atrair eleitores direitistas para o seu lado é conhecida. Foi exatamente assim que Bolsonaro fez em 2018.
Esses ataques agressivos em meio a um deserto de propostas para governar a maior cidade do país tem o método da mentira e da lacração – outra digital do bolsonarismo em sua vitória para presidente da República.
A verdade é que não adianta fingir que são coisas distintas.
Marçal está sendo punido pela Justiça Eleitoral por monetizar quem compartilha vídeos dos seus eventos. Ou seja, a agressão viral como arsenal político.
A estratégia foi desenvolvida pela família Bolsonaro no gabinete do ódio, um dos grandes meios que levou o deputado inexpressivo à presidência da República. Por isso, agora se comenta aos quatro cantos: Bolsonaro finalmente experimenta do seu próprio veneno.