Declarações recentes do ex-governador de São Paulo e ex-deputado federal Márcio França (PSB) sobre formar uma chapa com o também ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo governo paulista altera o xadrez eleitoral de 2022, sobretudo para os candidatos do PT.
Apesar do resultado pífio na eleição presidencial de 2018, recebendo menos de 5% do total de votos, Alckmin lidera as pesquisas em São Paulo neste ano e tem boa aceitação do eleitorado local. Já França, também em 2018, mostrou força ao perder o governo paulista para João Doria, no segundo turno, por estreita diferença (51,75% dos votos para Dória e 48,25% para França).
Se concretizada, a aliança entre Alckmin e França torna ainda mais difícil a missão de Fernando Haddad, que é fazer crescer seu potencial de votos, conquistando mais eleitores. Márcio França foi um dos homens de frente do PSB no Congresso na época em que a legenda era presidida pelo então governador de Pernambuco Eduardo Campos.
Apesar de desconhecido nacionalmente e até mesmo fora do litoral de São Paulo, onde fica sua base, França tem intimidade com a direita e com a esquerda, sabe negociar alianças e pode subtrair votos do petista em favor da chapa com Alckmin.
Uma das consequências da possível desidratação de Haddad em São Paulo é atrapalhar a candidatura à presidência da República de Lula. Há quem pense que o Haddad pode ajudar a vencer o antipetismo em alguns setores do empresariado e da classe média.
Maior colégio eleitoral do país, com mais de 33 milhões de eleitores, São Paulo tem grande importância na disputa pelo Planalto e também é onde o PT aposta muitas de suas fichas, uma vez que o partido nasceu no Estado e grande parte de seus líderes têm base em território paulista, como o próprio Lula e os ex-presidentes do partido José Genoíno e José Dirceu.