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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Clima amistoso na nova reunião do gabinete de crise sobre índios isolados

Encontro para criar barreiras de proteção aos territórios dessas etnias, frágeis diante da Covid-19, foi imposto ao governo pelo ministro Barroso, do STF

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 jul 2020, 16h52 - Publicado em 22 jul 2020, 16h15
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  • Após uma primeira reunião tensa que desagradou representantes de algumas etnias, o segundo encontro do gabinete de crise para a prevenção de comunidades indígenas isoladas e de recente contato contra a Covid-19, realizado nesta quarta, 22, teve clima de tranquilidade e atenção aos pedidos dos especialistas.

    Como a coluna revelou na última semana, a videoconferência da semana passada foi marcada por declarações agressivas do ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Augusto Heleno, que desagradaram indígenas e indigenistas. Em suas redes sociais, o general da reserva negou as informações e fez ataques à coluna.

    A reunião desta quarta foi coordenada por outro membro do GSI, o coronel Claudio Saturnino, que, segundo fontes, conduziu o encontro de forma elegante e evitou ataques e trocas de farpas entre os participantes.

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    O líder indígena Beto Marubo afirmou que o mediador foi extremamente objetivo e deu espaço aos técnicos presentes. “Há uma insistência ainda em fazer as coisas do jeito deles, mas outras autoridades, como a Defensoria Pública da União e o Ministério Público Federal, cobraram que a coisa fosse feita conforme o que se espera nas etnias”, disse Beto Marubo, um dos líderes que definiu o primeiro encontro como “desastroso e humilhante”, segundo a coluna Maquiavel.

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    Embora representantes da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) tenham tentado mostrar que já há um plano de contingência para lidar com a fragilidade dos povos originários em meio à pandemia, autoridades e indigenistas que estavam na reunião rebateram, dizendo que essas comunidades estão sofrendo com a doença.

    Presente na reunião, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) defendeu discussões regionalizadas para definir as barreiras sanitárias, com prioridade para a região da Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, e reservas semelhantes no Acre. Os dois estados abrigam mais de 60% dos registros de índios isolados em todo o país. A Apib espera que a deliberação sobre essas duas regiões aconteça já na próxima reunião, marcada para sexta-feira, 24.

    Segundo participantes do encontro, o governo apresentou uma prévia do plano de barreiras sanitárias, mas ninguém se debruçou sobre ele. Ficou combinado que o planejamento prévio será enviado para a Apib hoje para que os especialistas analisem o texto e discutam as medidas na próxima reunião virtual.

    O gabinete de crise foi criado após decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, ingressada pela Apib e seis partidos (PSB, PSOL, PCdoB, Rede, PT e PDT). A ideia é que a sala virtual possa se reunir inúmeras vezes para debater a proteção dos índios isolados e de recente contato, os mais frágeis diante da violência do novo coronavírus. 

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