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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Como a guerra Israel-Hamas divide o Brasil

Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 Maio 2024, 08h26 - Publicado em 23 out 2023, 07h13
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  • A guerra Israel-Hamas é o novo capítulo da polarização brasileira. Nas redes sociais e fora dela, compatriotas se dividem, se xingam e se atacam por causa de um lado ou de outro desse infeliz conflito que tem ceifado a vida de muitos inocentes, incluindo crianças, de ambos os lados.

    A demissão do então presidente da EBC Hélio Doyle, que repostou uma mensagem crítica a Israel na última quarta, 18, foi mais uma demonstração de que a guerra no Oriente Médio passou a alimentar o embate acirrado entre a esquerda e a direita brasileira, que não permite ponderações.

    Doyle deixou o cargo após repostar no X (antigo Twitter) uma publicação do cartunista Carlos Latuff que dizia: “não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”.

    Mas não foi só este episódio que exemplifica o atual momento da polarização brasileira.

    Recentemente, na PUC-Rio, o historiador, sociólogo e coordenador no Instituto Brasil-Israel, Michel Gherman, foi hostilizado por estudantes e teve que sair da mesa de debate só porque disse que os palestinos têm direito a ter um estado nacional. Foi acusado de ser antissionista, mesmo sendo judeu e sionista.

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    Na semana anterior, um estudo da FGV analisou 800 mil posts desse embate sobre o conflito no X, no Facebook e no Instagram. Segundo a Fundação, a direita obteve sucesso ao associar o Hamas ao presidente Lula.

    O ex-presidente Jair Bolsonaro logo percebeu isso e postou em suas redes: “pelo respeito e admiração ao povo de Israel repudio o ataque terrorista feito pelo Hamas, grupo terrorista que parabenizou Luís (sic) Inácio Lula da Silva quando o TSE o anunciou vencedor das eleições de 2022”.

    Isso porque hoje – historicamente nem sempre foi assim – os brasileiros associam a esquerda à causa palestina e a direita à causa judaico-israelense.  Diante do agravamento da guerra – e com a morte de civis dos dois lados – a disputa da narrativa ficou ainda mais inflamada.

    O governo Lula, por sua vez, soltou uma série de notas – algumas delas, até do Itamaraty – falando em terrorismo, mas sem acusar o grupo Hamas de ser um grupo terrorista. Classifica apenas seus atos como terroristas.

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    O Itamaraty explica que é posição antiga só declarar um grupo terrorista quando a própria ONU o faz, mas isso é visto como complacência com o grupo que invadiu Israel com uma ferocidade impressionante matando civis desarmados.

    Lá no Oriente Médio tudo é bem mais complicado do que esse maniqueísmo.

    É possível defender que os palestinos tenham seu Estado Nacional sem que isso signifique ser contra Israel. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de direita, tem forte oposição interna de israelenses de esquerda ou de centro. Na Cisjordânia, há grupos moderados que gostariam que o Hamas deixasse de controlar Gaza.

    Mas o importante a registrar aqui é que a polarização brasileira segue acesa e a cada motivo, interno ou externo, começa a se dividir entre visões extremadas.

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